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ATRASO OU AVANÇO?

Depois de quase quatro meses, os brasileiros que moram nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além dos residentes no Estado de Tocantins, terão que atrasar os seus relógios a partir da 0h deste domingo para recuperar a fração de tempo suprimida com o horário de verão, iniciado em outubro do ano passado e que, segundo os cálculos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), proporcionou ao país economia de cerca de R$ 282 milhões nesse período. Embora muitos brasileiros das regiões afetadas considerem um transtorno acordar mais cedo e dormir mais tarde nos meses de verão, a medida oficializada em 2008 por decreto presidencial tem se mostrado positiva para o país, especialmente em períodos de risco de racionamento de energia.

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O principal objetivo da mexida nos ponteiros é aliviar as redes de transmissão de energia nos momentos em que o consumo é mais intenso, principalmente entre 18h e 21h, que é quando a iluminação pública é acionada e as pessoas ligam diversos aparelhos em suas casas. O adiantamento do relógio impede principalmente a coincidência entre o início da iluminação de ruas e residências e o consumo do comércio e da indústria, que cai significativamente após as 18h.

Não é uma invenção brasileira. A ideia de usar tal artifício para explorar por mais tempo a luz solar foi lançada em 1784 pelo inventor norte-americano Benjamin Franklin, com o propósito de economizar a cera das velas, pois sequer havia eletricidade naquela época. Mas só foi adotada oficialmente em 1916, pela Alemanha, para economizar carvão durante a I Guerra Mundial. Desde então, vários países passaram a mexer nos relógios para aproveitar os dias mais longos do verão e reduzir o consumo de energia.

O Brasil adotou o horário de verão pela primeira vez em 1931, em todo o território nacional, mas só a partir de 1985 passou a utilizá-lo todos os anos. Atualmente, abrange apenas três regiões, mas desperta tanta oposição, que já tramitam no Congresso Nacional pelo menos três projetos com o propósito de extingui-lo, sob o pretexto de que afeta a saúde das pessoas e compromete segurança pública. Realmente, os médicos reconhecem que a mudança pode desregular o relógio biológico de indivíduos mais sensíveis.

Mas em poucos dias ocorre a adaptação e os ganhos coletivos são inegáveis, especialmente para a economia dos Estados da Região Sul. Portanto, enquanto a população brasileira não desenvolver uma cultura de austeridade em relação ao consumo, a imposição oficial terá que continuar sendo tolerada, até mesmo porque os números comprovam que a medida, considerada em seu âmbito social, traz mais vantagens do que desconforto.

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Só o fato de reduzir o risco de desabastecimento já seria suficiente para justificá-la.

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