A divisão exposta publicamente na cúpula da equipe econômica do governo federal é o que poderia acontecer de pior neste momento delicado para o país. Sem condições de cumprir com a meta de déficit acertada para este ano, com pressões salariais de categorias influentes e com o próprio presidente liberando gastos na tentativa de barrar no Congresso a denúncia da qual é alvo, o setor público federal está na iminência de um colapso fiscal. Se a tudo isso se somarem ainda divergências justamente entre os responsáveis pela formulação e condução da política econômica, os resultados serão imprevisíveis.

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Os custos irão incidir sobre todos os brasileiros.

É lamentável que, justamente quando começa a deixar o pior para trás, o país se veja diante de uma verdadeira bomba fiscal. A taxa de juros voltou a um dígito, nível mais adequado ao da inflação em baixa. O nível de emprego, finalmente, já fornece alguns sinais de retomada, embora ainda tímidos diante das necessidades. Enquanto isso, ministérios começam a paralisar suas atividades devido à falta de recursos imposta pelo contingenciamento orçamentário. E o poder público esbarra em todo tipo de dificuldade para honrar o compromisso de fechar o ano com um déficit de R$ 139 bilhões em suas contas.

Nesse cenário, é importante que ministros como Henrique Meirelles, da Fazenda, e Dyogo Oliveira, do Planejamento, evitem o acirramento de divergências em relação a alternativas para evitar um desequilíbrio maior ainda. A mais recente razão para conflito foi provocada pelo anúncio de um programa de demissão voluntária (PDV) de servidores federais. O mínimo que se espera, neste momento, é um pouco mais de sintonia entre os ministros e menos interferência política sobre decisões que precisam ser tomadas sob critérios eminentemente técnicos.

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