Por mais que a crise política, por si só, não tenha força para impedir a retomada da atividade econômica, os reflexos têm se mostrado inevitáveis. O mais recente impacto é o registrado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que frustrou as expectativas ao recuar em maio, depois de a economia brasileira ter emitido os primeiros sinais de estar saindo da recessão. Do que o país mais precisa neste momento é de um crescimento sustentável, de forma continuada.
Continua depois da publicidade
Passado o efeito da safra recorde no centro do país, que agora deve continuar favorecendo as estatísticas apenas na Região Sul, o índice medido pelo Banco Central recuou 0,5% no mês, em relação ao anterior, embora as projeções indicassem uma alta em torno de 0,2%. O resultado vale como alerta menos para a equipe econômica, que faz o possível para preservar a atividade produtiva da instabilidade política, e mais para os parlamentares e homens públicos, que impedem o país de se concentrar no essencial.
O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece, em seu mais recente relatório, que a recessão no Brasil está chegando ao fim. Ainda assim, alerta que o desempenho no próximo ano deve ser menor por conta justamente da instabilidade política, que define como ¿sombra¿. A crise, agravada com a delação da JBS, não conseguiu impedir a aprovação da reforma trabalhista, mas dificilmente a da Previdência conseguirá ir além se o governo seguir num processo de enfraquecimento gradativo. E essa é considerada a reforma mais importante, pelo fato de contribuir diretamente para a redução do déficit, que está no centro das dificuldades do setor público.
Um aspecto consistente para reforçar a importância dessa e de outras reformas estruturais é que, em parte, os dados do Banco Central foram captados antes da eclosão da crise política que acabou envolvendo o próprio presidente da República. E a expectativa é de que o crescimento deve se manter fraco e volátil por mais algum tempo. Nesse cenário, quem perde mais são os 14 milhões de brasileiros que tentam voltar ao mercado formal de trabalho, do qual foram expulsos pela recessão.
O novo recuo na atividade produtiva mostra que ainda é preciso fazer muito para recolocar a economia em ascensão, independentemente da situação política. Ao mesmo tempo, serve como alerta para o fato de que perseguir as condições para a retomada do crescimento deveria ser a real prioridade de todos os brasileiros, incluindo políticos e homens públicos.
Continua depois da publicidade