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A reação aos escândalos no futebol inspira ações semelhantes em estruturas e instituições de outras atividades esportivas que também convivem com suspeitas.

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A HORA DA FAXINA NOS ESPORTES

O Brasil já dispõe de motivação suficiente para que não só o futebol, mas todas as estruturas esportivas do país passem por uma profunda reavaliação, sob a inspiração do que deve ocorrer na Fifa e também na CBF. A oportunidade é única. A sucessão de escândalos no futebol cria o ambiente propício à apuração do que se passa em outros esportes, muitos dos quais com instituições igualmente viciadas. Considere-se também que estamos às vésperas da Olimpíada de 2016, quando o Brasil será submetido a testes de eficiência, a exemplo do que pôs à prova a viabilização da Copa. Desta vez, o país terá de oferecer, além da capacidade de organização, a transparência que faltou à gestão do Mundial.

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É uma tarefa grandiosa, que deve ser iniciada dentro dos clubes e das federações, para que pendências, algumas crônicas, sejam resolvidas. São muitos os questionamentos sobre perpetuação no poder, administrações autoritárias, irregularidades contábeis e indícios de corrupção. Para citar apenas dois exemplos, confederações de vôlei e de tênis já estiveram sob suspeita, e nem sempre as situações investigadas foram amplamente esclarecidas. Repete-se, em entidades variadas, o que ocorria na CBF e na Fifa, com o compadrio e a omissão dos próprios dirigentes, além de falhas nos mecanismos de prevenção e controle.

Mesmo que o futebol seja o reduto preferido para a atuação de quadrilhas dispostas a desfrutar dos benefícios de uma atividade popular e sustentada pela paixão, o certo é que outras áreas merecem atenção. É preciso que a delinquência, com a disseminação de propinas, lavagem de dinheiro e outras formas de corrupção, saia das sombras e seja bem identificada. A missão de moralizar o esporte brasileiro passa, é claro, pelos organismos que disso se ocupam, na polícia, no Ministério Público e na Justiça, mas será parcial se não for assumida pelas próprias entidades _ federações, clubes, atletas e torcedores, através dos sistemas de representação. Mesmo que tardia e, provavelmente, com segundas intenções, é um bom início a decisão da CBF de convocar filiadas para discutir o fim de mandatos continuados e por tempo indefinido.

Todos os esportes precisam passar pela faxina. Não há como relevar o fato de que o entretenimento foi contaminado por ações delituosas. Governo e Congresso não podem ficar alheios a esse desafio, para que leis e mecanismos de controle e vigilância sejam aperfeiçoados e os esportes _ e as verbas milionárias que movimentam, provenientes em boa parte de recursos públicos _ deixem de estar sob permanente desconfiança.