O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.

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FRACASSO DA SELEÇÃO, ÊXITO DO POVO BRASILEIRO

Termina neste domingo a 20ª Copa do Mundo de Futebol, a segunda realizada no Brasil, uma competição espetacular do ponto de vista futebolístico, um fracasso esportivo para o país mais vencedor da história dos Mundiais, mas ao mesmo tempo uma experiência educativa para o seu povo, que contribuiu decisivamente para a normalidade e para o êxito do evento. Os brasileiros entenderam a importância da Copa para a imagem do país: deram uma trégua nos protestos e colaboraram com hospitalidade, participação e trabalho para o brilhantismo da festa. Embora ainda falte o balanço dos jogos finais, pode-se dizer que o povo brasileiro sai deste episódio ferido profundamente pelo desastre do seu time de futebol, mas consciente de que fez a sua parte para tornar o Brasil mais respeitado como nação.

O ceticismo inicial era plenamente justificado, pois as obras de preparação dos estádios e de seus entornos estavam atrasadas, os gastos públicos excediam (e excederam) todas as previsões e havia grande temor em relação a manifestações violentas. Temia-se ainda – e esse medo não era apenas dos pessimistas e dos opositores da Copa – que os aeroportos entrassem em colapso, que a mobilidade urbana das cidades-sede virasse um caos e que as autoridades não conseguissem garantir a segurança dos visitantes e da população local. Felizmente, nada disso ocorreu.

O que ocorreu foi o inesperado fiasco da Seleção, que pretendia reescrever a história da derrota de 1950 e acabou produzindo o capítulo mais doloroso da antologia do nosso futebol. O inexplicável tropeço deixa em aberto a necessidade de uma profunda revisão nas estruturas das nossas organizações esportivas e até mesmo na legislação que facilita a saída de jovens atletas ao mesmo tempo em que fragiliza os clubes.

Fora de campo, porém, fomos bem, com ressalvas que não podem ser ignoradas, entre as quais problemas de trânsito em algumas cidades e incidentes isolados de segurança pública. Graças à Fifa, é preciso reconhecer, a organização dos jogos funcionou muito bem, as Fan Fests fizeram sucesso, as pessoas circularam em paz pelas áreas controladas pela entidade internacional. Os estádios ficaram prontos e bonitos, mas os gastos públicos excessivos ainda precisam ser melhor explicados aos contribuintes.

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Também funcionaram de modo satisfatório os aeroportos, o transporte urbano e o trânsito na maioria das cidades-sede, além da segurança, créditos que devem ser repartidos entre o poder público em todos os níveis, com ênfase para administrações municipais.Várias obras, porém, ficaram inconclusas. Em resumo, a Copa melhorou a imagem do nosso país e arruinou a imagem do nosso futebol.