Levantamento recém divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ajuda a explicar algumas das consequências das deformações no ensino registradas no país. No estudo Um Olhar sobre a Educação, com uma análise da situação nos 35 países membros da organização e de outras 10 economias, fica claro que o Brasil é um dos que menos investem em alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Ao mesmo tempo, tem gastos semelhantes aos de países europeus com estudantes universitários. A correção dessa distorção é uma necessidade urgente do país, que precisa aproveitar levantamentos do gênero para colocar medidas efetivas em prática com esse objetivo.
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O problema começa com o fato de que, com essa política, o Brasil aparece entre os últimos no teste de avaliação do Pisa. Além disso, apenas 17% dos jovens entre 25 e 34 anos contam com um diploma universitário para disputar espaço no mercado de trabalho. Trata-se de um dos índices mais baixos entre os países levados em conta no estudo. E isso ocorre apesar do fato de, nos últimos anos, o Brasil ter elevado os gastos com educação para 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A média da OCDE é de 5,2%.
Como recomenda a própria instituição, um país que pretende figurar entre as grandes economias precisa redirecionar suas verbas na área educacional particularmente para os alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Mesmo com o aumento nos investimentos registrado nos últimos anos, o percentual ainda continua muito abaixo do considerado adequado pela organização.
Obviamente, o Brasil precisa continuar investindo no ensino de terceiro de grau, favorecendo o acesso a esse nível a um número cada vez maior de interessados. Nada justifica, porém, que os gastos com estudantes universitários correspondam a mais do que o triplo dos dispêndios com alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Se quiser, de fato, avançar na educação, o país precisa não apenas ampliar os investimentos, mas também distribuí-los de forma mais equânime.
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