já faz tempo que a palavra corrupção tem sido, de longe, a mais lembrada pelo cidadão brasileiro quando o assunto épolítica. Enriquecimento ilícito, formação de quadrilha, tráfico de influência e mau uso da verba pública são apenas algumas das expressões às quais a atividade política tem sido perigosamente associada em nosso país. Mas não sem motivo.
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Em Santa Catarina, este cenário também encontra forte ressonância. Em maio deste ano, o Instituto Mapa realizou uma pesquisa para os veículos do Grupo RBS no Estado com o objetivo de traçar o perfil do eleitor catarinense. O resultado mostrou dados muito significativos. E preocupantes. Nada mais nada menos do que 36% dos catarinenses dizem não se interessar por política, enquanto 88% acham que existe corrupção na esfera municipal do governo. Revelações como essas causam apreensão ainda maior porque estamos muito perto de mais uma eleição municipal.
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É importante destacar que, se hoje a situação ganha ares de calamidade pública, sua consequência mais inglória não se restringe ao grave descaso com a população e aos escândalos que continuam a brotar nos noticiários pelo país. Não se trata apenas de desvelar o crime e de combater a impunidade – ainda que isso seja fundamental para uma mudança efetiva na realidade política brasileira. A situação é ainda mais grave ao se constatar que uma sensação generalizada de impotência, de descrença e de debilidade civil se abate sobre o eleitor, fazendo com que ele prefira ficar alheio ao processo eleitoral e às suas consequências.
Nós, jornalistas dos veículos do Grupo RBS em Santa Catarina, entendemos que isso precisa mudar, e com urgência, para que os resultados dessa e das próximas eleições possam, gradativamente, ser mais e mais um reflexo da participação consciente e criteriosa de cada cidadão na escolha dos governantes. Temos de nos tornar efetivamente responsáveis por nossas decisões e, de uma vez por todas, reconhecer que a classe política é também reflexo de nossas atitudes e, principalmente, dos votos que digitamos a cada dois anos nas urnas.
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Por esse motivo, e fortemente motivados pelos dados contundentes apontados pela pesquisa Mapa, a partir de hoje e até o dia do pleito municipal deste ano, assumimos diretamente o compromisso de trazer ao leitor uma série de conteúdos que contribuam para que o eleitorado catarinense reflita genuinamente sobre o seu papel no sistema democrático. Assinada pelo Diário Catarinense, esta campanha é realizada em parceria com a OAB/SC, entidade que compartilha conosco a premissa de promover ideias e iniciativas para o avanço da nossa sociedade.
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É mais do que hora de refletirmos sobre nossa parcela de participação no que hoje, de maneira geral, desagrada a todos: se estamos insatisfeitos com quem colocamos no poder, a mudança encontra-se a nosso alcance. Não podemos mais compactuar com a perpetuação de uma classe política esvaziada, ancorada em valores como poder a qualquer custo, influência com intenções discutíveis e ambição pessoal acima do bem coletivo, entre tantos outros que vêm inclusive para desabonar a trajetória de quem se propõe a trabalhar de maneira séria.
Uma conhecida frase do psicanalista Joel Birman afirma que a corrupção é um crime sem rosto, que faz vítimas anônimas. Nós, no entanto, entendemos que a corrupção tem rosto, sim: e é o rosto de cada um que se omite em processos eleitorais como o que está se iniciando.