Na antevéspera de novo pleito eleitoral, no momento em que os candidatos tentam conquistar a confiança dos eleitores descrentes na política, ganha especial relevo a manifestação polêmica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o pronunciamento de resposta aos procuradores da Operação Lava-Jato.
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“A profissão mais honesta é a do político” – disse Lula, complementando: “Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem de ir pra rua encarar o povo
e pedir voto”.
Nem é preciso refletir muito para se perceber a infelicidade da declaração. Em primeiro lugar, política não deveria ser uma profissão, mas um serviço público prestado por tempo determinado por pessoas da sociedade que os cidadãos escolhem para representá-los. Em segundo lugar, não existe mais ou menos desonestidade.
Se um político é ladrão, pouco importa se ele tem que pedir votos periodicamente.
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O indivíduo desonesto não serve para exercer mandato.
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A verdade é que não se pode flexibilizar honestidade. Todas as profissões são dignas quando exercidas com lisura e integridade.
Vale o mesmo para a representatividade política. Por isso é importante que os eleitores acreditem na existência de pessoas honestas e procurem orientar seus votos para estes indivíduos, informando-se sobre eles, examinando sua vida pública, sem cair na armadilha da generalização de que todo político é desonesto. Se o eleitor se recusa a escolher, alguém escolhe por ele – e aí, sim, cresce o risco de que algum desonesto seja eleito.