A queda da inflação, que se acentuou nos últimos meses e, conforme as estimativas, deve se prolongar pelos próximos anos, precisa ser considerada como uma conquista dos brasileiros. Uma taxa de custo de vida próxima da registrada em países desenvolvidos acena com uma série de efeitos positivos na economia, permitindo a continuidade da redução na taxa de juros e uma elevação no poder de compra das famílias, que passam a se sentir com mais dinheiro em mãos. Por isso, os políticos e gestores públicos brasileiros precisam se esforçar para que sua má atuação não comprometa esse processo, que tem tudo para contribuir para a tão esperada reativação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e, em consequência, para a recuperação do nível de emprego.

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Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado para a definição das metas oficiais de variação de preços, acumula alta de 2,46%. As previsões são de que a taxa ficará abaixo de 3% neste ano. É um percentual inferior ao piso da meta e um fato inédito desde a implantação do regime de metas no país, em 1999. Nesses níveis, o Brasil passa a se equiparar, por exemplo, ao Reino Unido, que registra um índice acumulado de 2,9% em 12 meses. A diferença, no caso brasileiro, são suas fragilidades fiscais e institucionais, que precisam ser enfrentadas com o avanço das reformas estruturais.

Uma das vantagens quando a inflação assume trajetória de queda é que o potencial de indexação para o ano seguinte se reduz. Por isso, é importante que os agentes econômicos passem a levar em conta o novo comportamento do índice, evitando distanciar preços e salários dessa nova realidade. A queda atual é explicada justamente pela baixa do preço dos alimentos e também porque a recessão acabou barateando os serviços, dando margem a uma tendência que os responsáveis pela política econômica precisam tratar de manter a partir de agora.

O fato de os preços estarem caindo é razão para comemorações, mas está longe de significar o fim dos problemas da economia, o que vai depender de condições políticas para as reformas. Isso significa que é preciso continuar cobrando mais seriedade de políticos e gestores públicos, para que se empenhem em favor de mudanças.

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