O diario.com.br adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados.
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Comentários enviados até as 18h de sexta-feira serão selecionados para publicação na edição impressa de domingo. Participe!
FAXINA INTERMINÁVEL
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Em apenas oito meses da administração Dilma Rousseff, quatro ministros foram afastados de seus cargos, três deles por suspeita de envolvimento em irregularidades em suas pastas. No mesmo período, dezenas de servidores públicos do primeiro escalão federal foram denunciados ou estão sendo investigados por prevaricação.
No âmbito estadual, tivemos recentemente o episódio do Ibama, com o registro policial da tentativa de extorsão a empresários por parte de um grupo de fiscais. É tal a frequência de escândalos de corrupção no mundo político e de deformações na máquina administrativa, que muitos cidadãos passam a se questionar sobre a eficácia da democracia na preservação dos interesses coletivos.
Tal questionamento, é importante lembrar, só é possível porque estamos num regime democrático e gozamos de plena liberdade para fiscalizar, denunciar e investigar os detentores do poder.
O que não pode prevalecer é o sentimento de impotência por parte da sociedade, como se a corrupção fosse o pecado original dos brasileiros. Não é bem assim. Todo cidadão pode fazer a sua parte para evitar que a imoralidade se transforme em prática social aceitável.
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São improcedentes as alegações de que o brasileiro, por caráter e formação, está sempre predisposto a levar vantagem, e a adotar o jeitinho e a malandragem como filosofias de vida. Fosse assim, os escândalos políticos não nos causariam tanta revolta e indignação.
Mas também é um equívoco atribuir apenas à classe política os males do mundo. O estamento político, em todos os âmbitos da administração, incluindo os poderes da República, os governos estaduais e municipais, além dos órgãos públicos em geral, tem a mesma representação dos demais segmentos da sociedade. Governantes e parlamentares ocupam seus cargos porque nós os elegemos para nos representar. Isso, inclusive, é o que nos dá o direito de fiscalizá-los e de exigir deles ética e honestidade.
A faxina ética alardeada pelo governo federal, para tornar mais translúcida a relação com os partidos aliados, parece interminável. Mal se encaminha a solução para um caso e já aparece outro ainda mais repugnante.
Às vezes, tem-se a impressão de que existe um denuncismo exagerado, ou de que a impunidade prevalecerá, independentemente do que vier a ser divulgado. Mas essa é uma percepção errada: cada vez que um caso de corrupção vem a público, o país se fortalece como democracia. Corruptos e corruptores preferem sempre as sombras do silêncio e da censura, para não terem que prestar contas de seus atos.
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Faxina, como todos sabemos, não é varrer a sujeira para baixo do tapete. É encarar com coragem a situação, por mais repugnância que nos cause. E acreditar que todos podemos contribuir, com o nosso exemplo, com o nosso comportamento e com o exercício efetivo da cidadania, para que as próximas gerações vivam num país mais limpo e mais íntegro.