Os compromissos mantidos ontem pelo presidente Michel Temer no Palácio do Planalto não deixam dúvida: o governo federal, cercado de desafios de toda ordem, incluindo o de acenar com oportunidades de trabalho para um número recorde de 14 milhões de desempregados, concentra hoje o seu tempo unicamente na tentativa de autopreservação. Das 8h às 21h30min, as audiências foram reservadas integralmente para parlamentares que possam contribuir de alguma forma para barrar a denúncia contra o presidente por corrupção passiva no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Esse esforço tem um custo excessivo demais para os brasileiros.
Continua depois da publicidade
A rotina de tentativas de convencimento de parlamentares da base deve prosseguir, principalmente depois da ampliação do risco de desgaste do governo com a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A preocupação chegou ao ponto de quase determinar a ausência do representante brasileiro na reunião de cúpula do G20, a ser realizada nos dias 7 e 8 de julho, em Hamburgo, na Alemanha. Se o presidente não tivesse recuado da decisão, seria a primeira vez, em décadas, que o país estaria ausente no encontro do grupo que reúne as principais nações industrializadas e emergentes.
Só a competência e a seriedade da equipe econômica em meio ao impasse político têm conseguido evitar que os brasileiros sofram um ônus ainda maior com a crise. Essa prioridade deveria ser também a de parlamentares e dos demais integrantes do governo, se não tivessem deixado de cumprir com suas atribuições para se dedicar apenas à constrangedora e inoportuna preocupação de escapar da Justiça.
Continua depois da publicidade