Ainda não está claro se a motivação do homem que arremessou um caminhão sobre a multidão em Nice, matando e ferindo dezenas de pessoas, foi político-religiosa ousimplesmente patológica. Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, nasceu na Tunísia e trabalhava como motorista na França. Tinha antecedentes policiais por violência doméstica, estava em processo de separação da mulher, mostrava-se deprimido e não há registro de seu envolvimento com organizações terroristas. Ainda assim, o crime abominável por ele cometido soma-se aos recentes atentados praticados por militantes ou simpatizantes do Estado Islâmico, numa evidência insofismável de que os governos democráticos precisam revisar seus métodos de prevenção e combate ao terrorismo.

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Seja qual for a motivação, atentados de qualquer tipo têm que ser prevenidos e reprimidos com rigor, inteligência e organização. Vale para a Europa, atormentada com as correntes migratórias, e para os demais continentes, incluindo-se aí países como o Brasil. Nosso histórico de neutralidade em conflitos e de abertura à diversidade étnica e religiosa não nos assegura imunidade contra o fanatismo assassino, especialmente em eventos internacionais como os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, programados para o mês que vem.

Independentemente da dimensão do evento, o atentado do 14 de Julho escancara uma obviedade destes tempos turbulentos: qualquer aglomeração de pessoas deve ser acompanhada por esquemas especiais de segurança, que investiguem previamente os participantes, controlem a circulação de veículos e ajam com prontidão diante de qualquer anormalidade. As autoridades não podem mais ignorar o risco permanente de atentados.

E os cidadãos de todo o mundo precisam entender que algumas liberdades individuais terão que ser reduzidas em favor da segurança de todos. As sociedades democráticas não podem abrir mão de valores duramente conquistados, como o sigilo de comunicações, a liberdade de circulação e a diversidade étnica, política e religiosa. Da mesma maneira, surtos xenófobos e sentimentos emocionais de criminalização de pessoas em decorrência de origem ou crença precisam ser devidamente contidos.

Mas os governos, as autoridades e os próprioscidadãos não podem mais ser negligentes com terroristas e psicopatas que exterminam pessoas inocentes, disseminam o terror e reduzem a dimensão humana ao limite de suas mentes doentias.

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