A editora do portal iG e responsável pelas matérias que denunciaram o caso de assédio em que o cantor MC Biel chamou uma repórter de “gostosinha” e afirmou “se te pego, te quebro no meio” durante entrevista foi demitida na sexta-feira. O desligamento dela ocorreu uma semana depois de a repórter que sofreu o assédio ter sido demitida.
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Segundo o Portal Imprensa, a demissão da editora Patrícia Moraes foi atribuída a “corte de despesas”, uma vez que era a última executiva do veículo, tendo assim o maior salário da redação. Porém, o real motivo seria o envolvimento dela nas denúncias do assédio sofrido por sua estagiária, pois não ocorreram outras demissões. Conforme o site, outro profissional assumirá o cargo de de editor-executivo.
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Patrícia assinou a primeira reportagem que denunciou a conduta abusiva de Biel contra a estagiária e também estaria impedida de divulgar novas notícias sobre o caso desde a sexta-feira da semana passada, por ordens da direção do iG.
Ao Portal Imprensa, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Paulo Zocchi, condenou veementemente a nova demissão ligada ao caso do assédio.
— O sindicato já se posicionou claramente condenado o assédio sexual da estagiária e se solidariza com ela e agora com a editora. Condenamos do princípio ao fim a atuação da empresa nesse caso. A empresa expôs a estagiária, não a defendeu quando ela sofreu a agressão, puniu a vítima ao demiti-la e agora pune a outra jornalista que estava fazendo o trabalho de divulgar uma informação de interesse publico, provavelmente, por interesse do grupo econômico ligado ao agressor — disse.
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O movimento #jornalistascontraoassédio também criticou a postura do iG em sua fanpage:
“É simbólico que, prestes à nossa campanha completar uma semana, com mais de 2 milhões de pessoas alcançadas só por esta fanpage, alguém que ajudou a tornar público um caso escabroso contra uma jornalista e mulher tenha esse destino. Quem sabe agora as entidades de classe – a maioria, num silêncio absolutamente omisso e sepulcral – venham a público fazer valer a representatividade que juram carregar? Patrícia, toda a sorte pra você. NÃO NOS CALARÃO”.