Elvis tinha ascendência alemã, francesa, escocesa e nativo-americana e era conhecido na escola como “o cara que cantava”. É com essa riqueza de detalhes que a revista Rolling Stone fez sua edição especial sobre o Rei do Rock, que chegou às bancas em outubro. O material chama a atenção pela qualidade do papel, mas principalmente pela unidade gráfica.

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As fotos selecionadas têm em comum o fato de colocarem Elvis no papel de protagonista absoluto da revista. Ele está sozinho em boa parte das fotos e é o centro das atenções em todas. Apesar de terem sido feitas em várias épocas, por vários fotógrafos diferentes, o acervo selecionado tem uma harmonia interna ao registrar com precisão o sorriso torto de Elvis, os trejeitos, a posição dos pés ao dançar, o corte de cabelo, a casa, o ingresso para os shows, o cheque da gravadora. Pequenas relíquias e gestos que formam quase uma fotonovela. As fotografias são tão expressivas que o leitor tem a sensação de perceber como Elvis se movia. Passa-se a conhecê-lo.

À venda em livrarias, a edição conta a história da infância extremamente pobre de Elvis. A sua mãe perdeu a casa quando o pai foi para a prisão por ter adulterado o cheque da venda de um porco – quase ladrão de galinhas. A revista conta a volta do Rei para sua cidade natal, Tupelo, em 56, como o maior astro do rock mundial. A cidade parou para assisti-lo tocar na Mississipi Fair and Daily Show, mesmo local onde ele fez sua primeira apresentação aos 10 anos de idade.

Dessa forma, é registrada cada etapa da vida do Rei. Desde o sucesso nos anos 50, passando pelo sumiço na década de 60 – em busca de paz espiritual -, a frustração com sua carreira no cinema, sempre comparada com a de Frank Sinatra, e a caricatura de si mesmo que Elvis se tornou na década de 70.

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Além de registrar em detalhes a biografia do cantor, o texto também consegue retratar as mudanças em Elvis, a maneira como ele percebeu gradualmente as pessoas lhe admiravam quando ele cantava, a coragem e impulsividade de jogar o emprego para o alto e investir na carreira musical assim que as os primeiros retornos positivos surgiram e quem foram as pessoas visionárias que cruzaram a sua vida e que visualizaram nele um homem que podia mudar a história da música.

Foi o caso de Sam Phillips, dono do estúdio Sam Records, que em 54 viu Elvis tocar uma versão acelerada da música That´s All Right (Mamma) e foi à loucura. Ele, que costumava declarar:

– Se eu achar um branco que cante com o sentimento de um negro, vou ganhar um milhão de dólares.

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Sam encontrou em Elvis essa promessa junto com a batida acelerada do rock. E quem é que pode dizer que essa fórmula não funciona até hoje? O combo branco com voz de negro + ritmo remasterizado compôs também o caso de sucesso de Amy Winhouse.

Mais interessante ainda é ver a compilação de críticas dos que desacreditaram Elvis, incluindo críticos do New York Times, dizendo que o Sr. Presley não tinha habilidade vocal nenhuma. Imagina se tivesse.

Rollling Stone Elvis – a Vida, a Música, o Mito

Spring Publicações Ltda.

136 páginas

R$ 24,90