Há 10 anos, o Criciúma foi campeão catarinense. Um dos destaques do time foi o atacante Eder, de 18 anos. Nascido em Lauro Müller, no Sul do Estado, o garoto teve uma ascensão rápida. Em apenas quatro anos deixou a casa dos pais, entrou na base do Tigre, virou profissional, levantou o título Estadual e foi negociado com o Empoli, da Itália. Na Europa, a carreira de Eder teve um ritmo diferente. Se em Santa Catarina o sucesso chegou rápido, na Itália os avanços foram lentos e conquistados com muita determinação.
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– Não foi fácil vir para a Itália com apenas 18 anos, mas tive sorte. O Empoli revela muitos jogadores e trata os meninos da base como família. Tive que reconquistar meu espaço aqui, praticamente voltei para os juniores. Aprendizado que trouxe esse resultado de hoje – conta Eder, por telefone, direto da concentração italiana, referindo-se à convocação para atuar pela Itália.
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Jogador da Sampdoria, o catarinense trabalha para ter uma oportunidade contra a Bulgária, dia 28 de março, pelas Eliminatórias da Eurocopa 2016, e Inglaterra, em amistoso no estádio da Juventus, em Turim, no dia 30 de março.
– O Conte (técnico italiano) usa um esquema 3-5-2. Então são apenas duas vagas de ataque. Às vezes ser convocado pela primeira vez não é o mais difícil, o mais complicado é continuar sendo chamado – projetou. ?
Diário Catarinense – Como soube da convocação?
Eder – Há um mês e meio a federação italiana pediu minha documentação. Mas não esperava ser convocado. Sábado a noite saiu a lista e foi uma alegria muito grande, um orgulho.
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DC – Como conseguiu a dupla cidadania?
Eder – O meu bisavô era italiano. Tive muita sorte porque um primo já tinha feito e por isso já tinha todos os documentos. Só faltava a certidão de nascimento dele, então fui até a cidade de Nove e peguei no cartório lá. Em 2010, consegui minha cidadania.
DC – Seu caminho até essa convocação na Itália foi longo. Como foi passar por vários clubes e divisões?
Eder – Sim, aqui na Itália é normal isso. Eu girei bastante. O Empoli queria ficar comigo e me emprestou para crescer. Até que quatro anos atrás cheguei na Sampdoria, que é um clube de maior visibilidade. Eu cheguei em um momento difícil, com o clube na Série B. Conseguimos levar o clube para a Série A e estamos indo muito bem. O futebol aqui é diferente e precisa de tempo para as coisas aconteceram.
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DC – Como foi recebido pelo companheiros de seleção?
Eder – Tem vários atletas que joguei em clubes aqui que foram convocados. Isso ajuda. O que me impressionou foi a humildade dos mais velhos, como o Buffon (goleiro e capitão), que me receberam muito bem.
DC – Você jogava videogame e brincava com o Buffon virtual, como é jogar com ele agora?
Eder – Nesses anos jogando na Série A enfrentei Kaká, Ronaldinho. Isso já me deixava emocionado. E estar junto aqui com ele e outros jogares importantes é uma emoção muito grande, nunca passou pela minha cabeça.
DC – Aceitar essa convocação da Itália é abrir mão do Brasil. Você pensou nisso?
Eder – Eu vejo que atletas que saíram cedo do Brasil não são reconhecidos pela Seleção Brasileira. Agora, que os meninos do Shakhtar Donetsk estão sendo lembrados. O Felipe Anderson está jogando muita bola aqui na Itália, a Europa está de olho. Mas são chamados para a Seleção Brasileira jogadores de uma geração passada. Conheço muito o futebol italiano, não aceitaria o convite de uma seleção qualquer. Quem conhece futebol sabe da importância da Itália, por isso aceitei.
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DC – O técnico da Inter de Milão, o ex-jogador Mancini criticou a sua convocação e a de naturalizados pela seleção italiana. Existe essa barreira?
Eder – Tem um preconceito aqui na Itália, mas vemos que Alemanha jogadores de outros países. A mesma coisa na França, com vários africanos. Aqui não tem essa cultura. O treinador é novo e a decisão é dele. Acho besteira, porque o Camoranesi ajudou muito a Itália. Espero seguir os passos deles e se conseguir metade do sucesso dele ficarei muito feliz.