Uma notícia dada em diferentes tamanhos nesta semana (no “AN” foi uma notinha, por exemplo) prestou o serviço de informar à comunidade uma novidade que vem aí para afetar muito perto de 100% da população: em novembro, os celulares ganharão mais um dígito e, portanto, ficarão com nove números. A mudança será geral para o Sul do País – última região a adotar o nono dígito, pelo que se lê. Nas demais, já vigora. Afeta muito perto de 100%, afinal, quem hoje não tem celular? – no grupo dos sem-celular, só conheço minha mãe.
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Não é nada bombástico, mesmo assim, ouvi de uma pessoa: “Nossa, mais um número para guardar”. Exagerado. Mania de ver dificuldade em tudo. Será apenas mais um 9. E vai na frente (ou à esquerda). O meu virará 99995-7466. O do leitor será 9xxxx-xxxx. O acréscimo, informam os mentores da mudança, vai permitir que as possibilidades de variações de números de telefone celular passem de 37 milhões para 90 milhões.
Valerá só a partir de 6 de novembro. Até 15/11, as ligações com oito dígitos continuarão sendo completadas. No dia 16/11, não completará e uma mensagem solicitará o nono dígito.
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Quando tudo era novidade que só se sabia lendo, escutando ou assistindo ao jornal, mudanças assim rendiam conversas, talvez debates. Quando ter linha telefônica era um negócio tipo aplicação financeira, eram menos números, por exemplo. Os classificados traziam: “Vende-se telefone prefixo 22”. O “prefixo” do nosso dinheiro era quase maior que um número de telefone: NCz$. Lembra-se dele?
E das placas de carro, amarelas e com duas letras, lembra? Em Joinville, predominava JF. As brancas eram para carros de repartição. Até que começaram a surgir estas brancas que se tem hoje. Integrava, nesta época, um grupo de solteiros emigrados que dividia casa de madeira no Guanabara. Em frente, havia um prédio desocupado guardado por um vigilante de bigode sempre bem aparado e contornado, quepe e cassetete na cinta que, ao ver passar os primeiros carros com placa branca, confundia com veículo do serviço público e criticava: “Ó, mais um andando pra cima e pra baixo e não fazendo nada”. Levei um tempo para convencê-lo de que não era aquilo que imaginava, era uma mudança em curso, que as amarelas estavam saindo de cena.
Ainda o vejo de vez em quando. Não é mais vigilante. Vende algo num isopor amarrado à bicicleta.