Certa vez, ao escrever um texto sobre um dramático acidente de trânsito com dezenas de vítimas que, mesmo desconhecidas, levaram-me ao choro, dei-lhe o título “Crônica de um dia triste”.

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Lembrei-me dele ao ser tomado por estranha sensação neste domingo enquanto preparávamos o almoço tardio que o dia de folga permite. Antes de ir à mesa, uma olhada nos sites para monitorar como andava o dia e estavam lá as primeiras notícias sobre a tragédia no bairro Aventureiro que mexeu não apenas com Joinville, onde ocorreu, mas com todos os cantos onde a emoção aflora e a pele arrepia diante do ruim. Uma família dizimada, quatro assassinatos (a quarta vítima confirmada nesta segunda-feira) e um suicídio.

Emocionado, lembrei-me de trechos daquela antiga crônica, porque o aperto no peito, ainda que por pessoas completamente desconhecidas, torna-se intenso.

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Baqueado diante destes acontecimentos tristes, tudo fica sem encanto e o coração acelera em nome dos que partiram e dos que ficaram, mesmo que sejam desconhecidos. Emocionar-se é a solidariedade necessária.

A dor na alma sensível lateja. É o que diferencia a raça, comover-se nas situações de aflição mesmo por pessoas às quais nunca viu, procurar respostas para o incompreensível e interrogar-se em singelo “por que, Senhor?”

Não haverá explicação, embora os noticiários vão se alimentar das buscas às causas. Persistirá o mistério que nos faz personagens sujeitos a todo tipo de surpreendentes acontecimentos. Lemos quase que diariamente sobre violência. Há, porém, casos e casos. Este caso em que um jovem matou os pais (o óbito da mãe, ferida no ataque de domingo, foi confirmado na manhã desta segunda), a esposa e o filhinho escapa a qualquer tentativa de compreensão. Uma tragédia desta, que pouco ou nada tem a ver com o conceito de segurança pública, embora os números se juntem para engrossar as estatísticas de assassinatos na cidade, faz aflorar sentimentos.

Impõe-se a reflexão sobre os caminhos e o destino da gente. Os mistérios que pontuam a vida e a morte desde sempre. Resta a capacidade de se comover ante aquilo que se tem por inexplicável. Emocionar-se é a solidariedade necessária.

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