Um conhecido que não gosta de frio diz ter achado uma utilidade para o clima. “Geografia”, falou de supetão, introduzindo assunto à conversa fiada. Ele então saca da mochila o seu computador que mede menos de um palmo, recupera uma apresentação das condições meteorológicas do dia e aponta para os nomes no mapa. “São cidades que a gente só fica sabendo que existem porque fez muito frio por lá. Aí está a única graça de ver a temperatura cair”, disse em tom grave, como se fosse o tema mais sério do mundo.
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O encontro estava tomando rumo de conversa de maluco, mas vá lá. Para que tudo precisa ser sério, afinal, não é mesmo? Dei corda para ver até onde ele iria.
Numa coisa ele tinha razão: daquele grupo de cidades citadas em rede nacional àquela hora da manhã, somente uma eu poderia dizer “ja ouvi falar”. Era São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul. Um nome interessante, daqueles que motivam uma pesquisa para saber de onde saiu tal opção. Já o havia escutado poucas vezes.
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De fato, as outras cidades citadas, como criativamente abordou meu companheiro de conversa, se transformaram em pequena aula de geografia: General Carneiro, no Paraná; Rancharia, em São Paulo; e Amambai, no Mato Grosso do Sul.
– Conhece alguma destas? -perguntou-me Zé Silvano.
– Nenhuma – respondi.
– Conhece alguém de lá? – reforçou.
– Infelizmente, ninguém.
– General Carneiro não era um personagem do Chico Anysio? – ele insistiu.
– Não, o personagem era Bento Carneiro, o “vampiro brasileiro” – esclareci.
Ele guardou seu pequeno aparelho.
Esta passagem me fez lembrar de outra envolvendo nome de cidade que a gente raramente escuta. Certa feita, comprei um carro com placas de Capitão Leônidas Marques, no Paraná. Rodei bom tempo com aquela placa e numa manhã, perto do Mercado Público de Joinville, um motociclista com uma mulher na garupa passou por mim buzinando e acenando para parar. Encostei, assustado, preocupado. O cidadão da moto e sua companheira vieram perguntando, excitados:
– Você é de Capitão? Você é de Capitão?
Em instantes, caiu a ficha, lembrei da placa e lhes disse que não, que havia comprado o Gol com aquela placa.
O casal era de Capitão Leônidas Marques e achava ter encontrado conterrâneo tão longe de casa. Saíram meio frustrados comigo. Entendi perfeitamente.
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