Joinville amanheceu neste segunda imersa em brumas, densa cerração. Como gosto destas manifestações do clima – há nelas um ar de certa normalidade que distancia o planeta do fim dos tempos que vez por outra alguns alardeiam. Nada associo tanto com o inverno – ou sua aproximação – quanto uma boa cerração que engole os telhados.

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Desde que o outono deu as caras, já falei de tudo que imprime marca a estes período de casaquinhos e japonas – sobre pinhão, caldos de mocotó, tainha, feijoada e até fondue, que, confesso, nunca experimentei, meu xucrismo fala mais alto.

A cerração ficou para a sua efetiva ocorrência. Que aos mais sensíveis nesta segunda embeveceu o espírito. Há ditado segundo o qual “cerração baixa é sol que racha”. Com o acontecimento de ontem – pelo menos no Comasa e cercanias estava assim, fechadinho, os faróis às 7 horas pareciam chama de final de vela -, veio à mente o “veranico de maio”, sustentando outra tradição. Mas maio termina nesta terça sem que aquele veranico de outrora tenha dado o ar da graça. Os gravadores de Brasília é que garantem a quentura destes dias ao revelarem a República da Caguetagem e seus sombrios personagens.

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Voltemos aos acontecimentos da meia-estação. Há dias, diante de alguns convites para engordar em diferentes receitas do frio – uma tainhada aqui, uma feijoada ali – sugeri (lá vem mais ditado) que “se matassem três coelhos com uma só cajadada” e se se fizesse uma feijoada com cabeças de tainha temperadas com pinhão. Três pratos em um. O riso foi geral e ninguém se candidatou a levar tal sandice ao tacho.

A bruma que a tudo acinzentou ainda levantou dois pensamentos sobre a rapidez do passar do tempo:

1 – Amanhã já ingressaremos em junho, com o País num marasmo de dar dó, enquanto eleitos deitam e rolam e só ficamos sabendo porque – socorrendo-me de outro ditado – “malandro demais às vezes se atrapalha”;

2 – Há dez anos (junho de 2006), foi num dia de muita névoa, escutando um rádio fanho, que soube da repentina morte do humorista Bussunda.

Cada vez que pego cerração fechada, como a deste começo de semana, lembro-me daquele dia. E lá se vão dez frios e suas marcas registradas – japonas, pinhão, tainha, feijoada, sopas, fondue… E cerração.

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