A reportagem publicada pelo “AN” no fim de semana, sobre uso do celular pelos motoristas enquanto estão no trânsito, me levou a lembrar de abordagens feitas neste espaço há algum tempo: é comum encontrar pessoa entrando no carro e dando a partida já falando ao celular; gente já saindo da garagem, cedo da manhã, falando no celular. Difícil imaginar que o mundo das atividades dessas pessoas esteja rodando a esta velocidade que não permita esperar dois minutos para fazer uma coisa de cada vez.
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Há um abuso comportamental, resultado destes tempos em que se valoriza muito de banalismo, de exibicionismo. Também já abordei as coisas nestes termos: difícil imaginar que ponderável parte dos que se dividem entre a direção e a checagem de mensagens, seja por qual rede for, estejam resolvendo questões realmente importantes ou profissionais, ou se informando de acontecimentos efetivamente relevantes. É modismo, é blá-blá-blá, é compartilhamento de coisas na maioria das vezes inúteis ou grosseiras.
Não espantam os números levantados pelo “AN” na iniciativa de se plantar em duas esquinas e em 20 minutos constatar sete pessoas digitando algo de
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cabeça baixa, cinco atendendo ao celular com o aparelho direto no ouvido (portanto, sem uma das mãos e a atenção voltadas ao trânsito) e uma fazendo uso de fone e microfone.
Parece alimentar fantasia esta urgência emprestada ao cotidiano retratada no uso do celular ao volante, seja em que modalidade for. É um comportamento desnecessário, mas que só mudará com o endurecimento da fiscalização e da aplicação da lei, o que é uma esperança frágil diante do que se conhece da infraestrutura disponível. Não se percorrem 200 metros sem se topar com tal infração ao volante. Lamentável. A informação de que neste ano já se somam 2,4 mil motoristas multados em Joinville por causa desta prática também não choca. Possivelmente, poderia ser até mais.
O desrespeito e a irresponsabilidade grassam, como constatam os números. Navegam num falso sentido de urgência, num “status” vazio. Em breve, as multas ficarão mais caras. Incrível o cenário que o homem cria para ele mesmo. É o empobrecimento da alma, na contramão da velocidade do desenvolvimento.