É feriado. No meio da semana, o ritmo melancólico do domingo, sem que melancolia, aqui aplicada, venha a querer depreciar. Digamos que se rima melancolia com a vagareza de um dia em que menos ofícios, horários e outras amarras nos esperam. Apenas isso. Os supermercados abrem. As lojas de roupas e sapatos, não. Nem bancos – voltam amanhã. Hoje, estudantes não passarão às sete e pouco, nem voltarão aos cinco para o meio-dia. Bancos e escolas fechadas alteram muito o vaivém de qualquer cidade.

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Vem a calhar este feriado, diminuirá o barulho e pode-se prolongar aquele cochilo preguiçoso que bate no momento da menção de pular da cama, o famoso “só mais dois minutinhos”. Calha bem porque estarei na ressaca das bodas de prata, ontem completadas. Mais um número redondo no currículo – depois dos 50 de idade e dos 35 de carteira assinada.

Justamente nesta semana, ao falar de aniversário de casamento com um amigo comerciante, soube de um casal que se separou após 17 anos e três filhos; e de outro, que rompeu o laço do matrimônio depois de 26 temporadas. Por outro lado, há dias conversava com um homem que me contava, com satisfação visível, estar casado há quase 60 anos. A vida não tem roteiro predefinido.

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Nos dias anteriores ao feriado de Corpus Christi, motivo da parada quase geral de hoje e do “enforcamento” dos serviços públicos de amanhã, ganhávamos tarefas além dos livros escolares nos tempos idos de primário. Na escola, assumíamos voluntária função de subir e descer ruas colhendo folhas de cedro para ajudar com uma porção de material para compor o trajeto das procissões. Era um momento de festa para nós, aluninhos de terceira série, ganhar aquela licença para fazer algo fora dos muros da escola. Era momento tão esperado quanto sair às ruas, em fins de agosto, para ensaiar o desfile de 7 de Setembro.

O que as gravações feitas às escondidas em Brasília terão para quebrar o ritmo vagaroso deste feriado? O Brasil e os políticos são uma usina de acontecimentos esdrúxulos. Nem a paz de um feriado religioso está garantida. Nem mais ela.