O ano de 2012 foi “bastante negativo” para a indústria nacional e para a fluminense, disse o gerente de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês. Até outubro, a produção industrial geral fluminense mostrou queda de 6,2%. Na indústria de transformação, o acumulado foi negativo em 7,5%. Continua depois da publicidade Vários fatores vêm impulsionando a queda. Um dos setores mais fortes no Estado, que é a indústria automotiva, localizada no centro-sul fluminense, sofreu os efeitos da crise externa, disse o economista. – A queda de produção automotiva, em relação a 2011, está em 35% no acumulado do ano. Isso tem grande responsabilidade pelo recuo da produção industrial geral, de 6,2%. Os resultados negativos são generalizados pelos diversos setores industriais do Rio de Janeiro. – Certamente, este é um ano perdido para a indústria do Rio e do Brasil. Continua depois da publicidade Para 2013, Mercês diz que os dados recentes mostram sinais de recuperação não muito consistentes. – A gente espera, sim, uma recuperação para 2013, mas não muito robusta. O economista acredita que dois fatos vão ajudar a indústria no próximo ano. O primeiro deles é a base de comparação, que vai ser melhor em relação a 2012. O segundo é que se esperam para os próximos meses os reflexos positivos dos diversos estímulos dados pelo governo federal à economia, entre os quais a redução da taxa de juros e os incentivos tributários. – Então, a economia está demorando a reagir, mas esses estímulos devem, sim, fazer efeito no ano que vem. Mercês espera que, com isso, a indústria mostre resultados melhores do que os deste ano. Em função dos incentivos do governo, o economista avaliou que alguns setores, como o automotivo, começam a mostrar reação, embora os sinais sejam ainda muito pontuais. – É importante que essa recuperação seja mais disseminada para o próximo ano. Mercês referiu-se, em especial, à indústria em geral, onde predominam os resultados negativos. Apenas quatro segmentos – produtos químicos excluído refino, perfumaria, higiene e farmacêutico – têm se sustentado de forma positiva no Estado. Continua depois da publicidade O economista destacou também o desempenho da indústria da construção civil, que tem apresentado resultados bons no Rio de Janeiro em 2012, ‘mesmo nesse cenário negativo’. Segundo ele, a construção civil foi o único setor que contratou mais trabalhadores do que no ano passado, somando 34.488 funcionários. O resultado foi um dos melhores dos últimos 10 anos no Estado. – Isso está atrelado às grandes obras de infraestrutura que a gente está vendo no Estado e, também, à chegada de muitas empresas e de investimentos. O economista lembrou que o mapeamento de investimentos para o Rio de Janeiro, nos próximos anos, é volumoso. No triênio 2012/2014, os investimentos previstos atingem R$ 211 bilhões. No levantamento anterior, relativo ao período 2010/2012, os investimentos totalizavam R$ 180 bilhões. – Teve um novo acréscimo dessa perspectiva de investimento refletindo, inclusive, a busca dos investidores internacionais por diversificação dos investimentos, uma vez que os países desenvolvidos estão apresentando taxas muito baixas de crescimento. Continua depois da publicidade A indústria extrativa mineral, um dos carros-chefes da indústria geral fluminense, apresentou resultados ‘tímidos’ até a metade deste ano, iniciando um processo de recuperação a partir do segundo semestre, conforme Mercês. – E agora, já começa a mostrar alguns sinais positivos. A indústria extrativa fluminense está relacionada ao desempenho das atividades de exploração e refino de petróleo, cuja produção está concentrada mais de 80% no Rio de Janeiro. Segundo Mercês, no próximo ano, com a economia e a demanda se recuperando, a indústria extrativa e de refino também deve acompanhar esse movimento. – Por enquanto, está no zero. Não está crescendo, nem caindo. Seguindo a retração da produção industrial, as contratações de pessoal efetuadas pela indústria fluminense também mostraram recuo na maioria dos setores. Na indústria da transformação, o saldo é inferior ao do ano passado. Em 2012, a indústria de transformação gerou 13.187 empregos. Em 2011, foram quase 16 mil vagas. O economista sublinhou que também o setor de serviços, que é o principal contratante no Estado, gerou um total de 58 mil empregos até agora, contra mais de 85 mil em 2011. – O mercado de trabalho também reflete essa desaceleração da economia como um todo. O gerente da Firjan estima que o emprego não deverá apresentar recuperação em 2013, na mesma intensidade que a produção industrial, porque o Brasil e a maioria dos estados já estão com uma taxa de desemprego muito baixa. Continua depois da publicidade – Acredito que a recuperação, nos próximos meses, será mais apoiada em capital. Esse é o grande desafio: aumentar os investimentos. No Rio de Janeiro, a taxa de desemprego é 4,6%. O dado se refere a outubro passado, informou o economista.
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