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Investimentos em infraestrutura, com políticas públicas de concessões para obras de estradas, aeroportos, portos e ferrovias, e um câmbio mais desvalorizado – para auxiliar os exportadores a melhorar a inserção da indústria do Brasil no mercado global – são essenciais para a economia voltar a crescer e o País ser protagonista da cena mundial. A avaliação é do economista-chefe do Banco ABC, Luís Otávio Leal. Ele realizou palestra na Expogestão sobre cenários e tendências.
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Maldades de uma vez
– A crise atual é grande, séria. Não dá para dourar a pílula. Entre outros fatores, o custo do crédito e as limitações de consumo afetam significativamente as empresas. O cenário é muito ruim. Atravessar este período difícil exige habilidades na gestão. É recomendável que o governo faça as maldades de uma só vez, ainda neste ano, para, em 2016, começar a pauta de bondades.
O que fazer
– A grande chance para o Brasil voltar a se desenvolver depende de políticas governamentais de concessões para obras de infraestrutura. A demanda é enorme e em diferentes áreas, como petróleo, energia, estradas, ferrovias, aeroportos, portos… O fundamental é que a estrutura dos leilões de concessões seja adequadamente atrativa para investidores privados nacionais e do exterior.
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Acabou
– Esse negócio de as empresas receberem subsídios de bancos públicos é coisa do passado. O importante é que a modelagem das concessões permita o maior ganho possível ao investidor. Ele quer ter a maior taxa de retorno possível. E precisa de clareza nas regras.
Reforma tributária
– A reforma tributária tem de começar com a simplificação da cobrança do ICMS por parte dos Estados. Este é o ponto-chave da equação tributária. Acontece que não é fácil fazer esta reforma. No começo do ano, parecia que estávamos perto de um acerto entre os Estados. Agora, já se apresentaram obstáculos. O problema é que ninguém quer ceder. Acompanho este assunto desde que atuo no mercado de capitais, há muitos anos.
Setores
– Alguns setores econômicos, principalmente os menos dependentes de crédito, como os de alimentos, e outros, ligados à exportação, tenderão a se beneficiar. Até agora, todos os segmentos estavam bem confortáveis, subsidiados pelo governo. Isso acabou. Até o BNDES está indo ao mercado de capitais para se financiar. A Petrobras, a mesma coisa. Para a iniciativa privada, a opção mais barata de financiamento pode ser a do lançamento de debêntures – ou de outro tipo – do que a de pegar empréstimo.
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Perdas
– A questão que se coloca é simples: não existe reforma tributária sem perdas de arrecadação. Isso é claro. Ponto! O problema em questão é que falta dinheiro do governo federal para fazer as compensações reclamadas por alguns Estados. Nem União, nem Estados e nem municípios têm dinheiro. Nesta hora, surge aquela expressão clássica, tão usada em tempos de escassez: “farinha é pouca, quero meu pirão primeiro”. Todos querem a sua parte primeiro. Isto, evidentemente, não é possível. Alguém vai ter de bancar esta transição de modelo.
Grandes chances
– Além de promover licitações para concessões de obras de infraestrutura, o governo ajudará se houver uma desvalorização do câmbio, de modo a auxiliar as empresas exportadoras, que, então, poderão ser mais competitivas nos negócios internacionais.
Juros
– Acredito que o Copom vai elevar os juros da Selic em meio ponto no começo de junho. Acho que, em dezembro, os juros básicos vão chegar a 14% ao ano. E não só a Selic deve aumentar. Não vejo nenhum alívio para a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Acredito que a tendência é também subir, mesmo quando a Selic começar a cair. Em boa parte de 2016, o custo do financiamento continuará caro. E o câmbio pode fechar 2015 entre R$ 3,10 e R$ 3,15.
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Desemprego
– Como a recessão está dada para 2015, só percebo a possibilidade de a economia se manter perto da estabilidade de outubro em diante. É lógico que o nível de desemprego vai subir mais neste ano. O ajuste, infelizmente, vai atingir muita gente.
Amortecedores
– Não houvesse a política social, com redistribuição de renda via Bolsa-família e outros programas federais, a situação seria bem pior, principalmente no Norte e Nordeste. Estes programas são amortecedores de uma crise maior. E, por causa deles, as oscilações de renda serão menos sentidas nestas duas regiões do que no Sudeste.
Bola cantada
– A única vantagem desta crise é que era uma crise cantada com antecedência. Diversos setores da indústria se prepararam. Acreditamos que, por isso, o período de transição, desta vez, será menor. Até mesmo os estoques de mercadorias estão menores do que em outros tempos de crises.
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Mercados
– Nada mais do governo proteger a indústria. A ideia é ter atuação e abertura para mercados internacionais. A indústria não pode só ficar no mercado nacional, achando que os negócios são apenas aqui.