Apesar de, no apagar das luzes, o crescimento da economia brasileira em 2013 ter surpreendido analistas, com incremento de 2,3% no produto interno bruto (PIB), sinais do mercado já indicavam há algum tempo que 2014 seria um ano difícil para os negócios.

Continua depois da publicidade

E foram justamente essas perspectivas pouco animadoras em relação ao cenário econômico – confirmadas mais tarde pelas sucessivas previsões de baixo avanço do PIB – que levaram muitas empresas a iniciar uma reestruturação em áreas consideradas estratégicas, como a financeira, a tributária e a de controladoria.

Essa reformulação passa principalmente pela gestão – mais especificamente no topo dela.

Um levantamento realizado pela De Bernt Entschev, uma das maiores consultorias do País em capital humano, mostra que 78% dos profissionais recrutados pelas empresas da região Sul no primeiro semestre deste ano foram destinados a cargos executivos ou de gerência – uma prova de que a prioridade das companhias, neste momento, são as funções de chefia.

As informações são da base de dados da consultoria. Eles revelam que metade destas contratações foi para vagas de gerência, nível hierárquico que apresentou a maior demanda nos seis primeiros meses do ano.

Continua depois da publicidade

Isso, além de mostrar uma estabilidade maior nos cargos de alto nível – como os de diretor executivo, presidente e CEO -, é um reflexo da crescente profissionalização da gestão de empresas familiares, que ainda são muito comuns na região, avalia a headhunter Eliane Espinha.

Neste processo, explica a especialista, as empresas familiares acabam percebendo a necessidade de contratar gerentes para assumirem as diversas áreas do negócio.

– Não dá mais para manter os processos centralizados na família. Para continuarem competitivas, elas buscam profissionais com experiência, formação e conhecimento das melhores práticas de mercado – avalia Eliane.

Trata-se de uma decisão necessária para fortalecer o negócio diante de uma economia complexa e instável para o ano.

Continua depois da publicidade

Foco em executivos

As empresas do Sul do País deixam bem claro: o foco das contratações neste ano, até agora, tem sido nas áreas executiva e de gerência. E elas estão dispostas a pagar bem por profissionais que atendam suas necessidades.

Pesquisa realizada pela consultoria De Bernt Entschev revela que os cargos de gerência representaram 50% das contratações para funções deste nível hierárquico na região nos seis primeiros meses de 2014.

A busca está concentrada, principalmente, nas áreas de finanças, operações e de logística. São funções que possibilitam às companhias melhores planejamentos em médio e longo prazo e que facilitam a tomada de decisões no futuro diante de um quadro de economia instável, analisa a headhunter Eliane Espinha.

O cargo de gerente financeiro foi um dos mais demandados no primeiro semestre. O salário para esta função, na região Sul, varia entre R$ 10 mil e R$ 19,4 mil. Gerentes operacionais e de logística também são algumas das prioridades das empresas. No primeiro caso, a remuneração pode checar a cerca de R$ 31 mil.

Continua depois da publicidade

No topo da gestão, as companhias têm buscado, ainda, profissionais que as liderem. Na área executiva, metade das vagas foi destinada a diretores – com salários que chegam a até R$ 33 mil.

Para um presidente, a remuneração pode ir a R$ 50 mil. Cargos de média gerência, como analista financeiro e coordenador comercial ou de logística, também estão na mira.

O desafio de atrair

O grande desafio é atrair estes profissionais. Um levantamento da empresa de recrutamento Michael Page com 900 profissionais mostra que 70% das empresas do Sul têm dificuldades para encontrar executivos qualificados na região.

As áreas comercial, de engenharia e de finanças apresentam o maior déficit de pessoal.

A saída tem sido recrutar executivos em centros maiores. Para isso, as empresas apostam em uma isca que costuma dar certo: gordos pacotes de benefícios. De acordo com o levantamento, 63% delas planejam aumentar salários para contar com estes profissionais de outros Estados.

Continua depois da publicidade

– Outro fator que faz toda a diferença é a qualidade de vida no Sul. Muitos executivos desejam fugir dos locais com problemas de trânsito, segurança e alto custo de vida – avalia Eliane.

Obstáculos para a transferência

O Sul tem boas estatísticas e perspectivas quando à empregabilidade, reforça Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page. Por outro lado, a sensação de perda de exposição ao sair de um centro maior do Sudeste e a desconfiança de chances menores de crescimento em um mercado mais enxuto fazem os executivos de outros Estados pensarem duas vezes antes de virem para o Sul.

Outro motivo para executivos de fora rejeitarem oportunidades de carreira no Sul diz respeito a limitações pessoais. A distância da família (52%) pesa muito nessas horas. Eliane lembra, porém, que quando a oferta é boa esse problema costuma ser temporário.

– Eles normalmente trazem a família depois – conta.

O levantamento da Michael Page indica ainda que cerca de 19% dos executivos consultados diz que o quadro de funcionários de sua empresa (de 6% a 10%) é composto por pessoas de outras regiões.

Continua depois da publicidade