O ecologista Alexander Van der Bellen venceu as eleições presidenciais da Áustria contra o candidato de ultradireita Norbert Hofer (FPÖ), após um disputado segundo turno onde quase um em cada dois eleitores escolheu o FPÖ.
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Depois da apuração dos votos por correio nesta segunda-feira, Van der Bellen, ex-professor universitário de 72 anos, conquistou 50,3% dos votos, totalizando 31.026 votos a mais que seu concorrente Norbert Hofer, que reuniu 49,7% dos votos e admitiu sua derrota no Facebook pouco antes do anúncio oficial.
“Queridos amigos! Agradeço o apoio de vocês. Claro, hoje estou triste”, escreveu Hofer em uma mensagem em sua conta do Facebook, pouco depois das 14h00 GMT (11h00 de Brasília). “Os esforços mobilizados para esta campanha não foram perdidos, mas serão investidos no futuro”, acrescentou.
No primeiro turno, celebrado em 24 de abril, o FPÖ liderou com 35% dos votos, o melhor resultado do partido em uma eleição nacional, contra 21,3% dos votos para o partido de Van der Bellen.
Mas o voto por correspondência, tradicionalmente desvalorável ao FPÖ, pendeu a balança em favor do ecologista, de sensibilidade liberal e centrista, ao final de um verdadeiro ‘thriller’ eleitoral.
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Quase 900.000 pessoas, ou 14% do eleitorado, solicitaram o voto por correspondência para esta votação, que foi acompanhada por toda a Europa em um contexto de aumento do populismo.
O candidato de extrema-direita foi favorecido pela crise migratória, que resultou na chegada ao país de 90.000 solicitantes de asilo em 2015, ou seja, mais de 1% da população. No entanto, manteve um discurso polido, distante das declarações abertamente xenófobas que caracterizavam seu partido anteriormente.
Durante a campanha, Hofer, militante desde a juventude do FPÖ e vice-presidente do Parlamento desde 2013, centrou seu discurso no emprego e no nível de vida dos austríacos, e assegurou que não gostaria de tirar seu país da UE, a menos que a Turquia entre no bloco.
O presidente em fim de mandato, o social-democrata Heinz Fischer, felicitou o vencedor e anunciou que o “convidou” para visitá-lo na terça-feira no Hofburg, o palácio presidencial, para “preparar a passagem de poderes”, prevista para 8 de julho.
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Van der Bellen deverá tornar-se o primeiro candidato ecologista a ser eleito chefe de Estado austríaco, e o único na Europa atualmente.
Creditado com apenas 21,3% dos votos no primeiro turno, atrás de Hofer, Van der Bellen se beneficiou de uma participação eleitoral em alta e de importantes apoios, incluindo de partidos tradicionais.
Uma vitória de Hofer, engenheiro aeronáutico de 45 anos, seria a primeira eleição para o governo de um Estado da União Europeia (UE) de um representante de um partido de extrema-direita.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, havia expressado sua preocupação “em ver a extrema-direita” prevalecer na Áustria, uma perspectiva aclamada pela Frente Nacional francesa.
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Norbert Hofer prevaleceu entre o eleitorado masculino (54%) e sem diploma de segundo grau (58%). Já Van der Bellen venceu entre o eleitorado jovem (56%) e entre aqueles com mais de 50 anos (51%), bem como o voto operário (71%)
Conforme a tradição austríaca, nenhum terceiro partido aconselhou voto, mas muitas personalidades, incluindo líderes dos partidos social-democrata e conservador no poder, indicaram que escolheriam Van der Bellen.
Os partidos social-democrata (SPÖ) e conservador (ÖVP), no poder desde a Segunda Guerra Mundial, sofreram uma derrota histórica no primeiro turno. O chanceler Werner Faymann (SPÖ) renunciou entre os dois turnos e foi substituído pelo chefe da companhia nacional ferroviária, Christian Kern.
O novo presidente assumirá o cargo em 8 de julho para um mandato de seis anos.
* AFP