Pode até parecer uma atração a mais para os turistas que visitam a Ilha do Campeche, mas a presença do quati em um dos destinos de verão mais procurados de Florianópolis não é natural. O animal foi introduzido na ilha pelo homem em 1950 e, desde então, tem causado problemas do ponto de vista ambiental. A presença está ligada ao desaparecimento de uma espécie nativa de gambá (Didelphis sp), além de ameaçar uma rara subespécie de sapo (Leptodactylus gracilis dellatini). Apesar de parecer vilão, o quati está apenas fora do habitat natural. Ele é nativo de Santa Catarina, entretanto, na área da ilha do Campeche o animal é uma espécie exótica invasora. Essas espécies representam uma ameaça ao meio ambiente e causam prejuízos à biodiversidade, à economia e aos ecossistemas naturais.

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Leia no ebook abaixo uma série de infográficos apresentando cinco dessas espécies:

Segundo Alberto Lindner, professor do Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, espécies exóticas são aquelas encontradas fora da área de origem e distribuição natural.

– Essa introdução em novos locais pode ser intencional, caso de várias espécies cultivadas no Brasil, como soja, trigo, arroz e tantas outras trazidas para cá de várias partes do mundo. Muitas introduções, entretanto, não são intencionais. Essas espécies acompanharam a expansão das populações humanas e o intenso transporte de pessoas.

Proposital ou não, a introdução de animais ou plantas de outros locais de maneira descontrolada pode prejudicar a biodiversidade. De acordo com o biólogo Carlos Henrique Salvador, as espécies exóticas invasoras trazem prejuízos em três ordens de grandeza: ambiental, econômico e social.

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– De alguma maneira ela vai causar prejuízos ambientais, independentemente de qual seja. Muitas vezes a gente não sabe quais prejuízos, mas quando se trata de natureza, sempre trabalhamos no aspecto de prevenção.Pode ser uma doença, uma competição com espécies nativas mais fracas, uma predação, etc.

O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) disponibiliza uma lista comentada com 99 espécies exóticas invasoras presentes no Estado. Para Michele de Sá Dechoum, docente do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, esse é um passo no processo de controle e prevenção.

– As espécies não conhecem barreiras, nem limites políticos, então é preciso trabalhar com uma visão integrada, regional. Santa Catarina, junto com o Paraná e o Rio Grande do Sul, é um dos poucos estados do Brasil que tem a lista.

Além da responsabilidade dos órgãos governamentais, o cidadão comum também tem um papel importante nesse controle. Se informar sobre as espécies de plantas e animais e não transportá-los sem o devido conhecimento do impacto que podem causar é imprescindível.

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