O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ainda se recuperava do incêndio que destruiu mais de 800 hectares da reserva natural nos dias 10 e 11 de setembro. Voluntários já haviam plantado novas árvores e perícias eram feitas como parte da investigação sobre as causas do incêndio florestal. Com uma grande área ainda em cinzas, a maior área de preservação de Santa Catarina novamente foi tomada pela fumaça nesta quarta-feira (2).

Continua depois da publicidade

Na mesma região do parque na Baixada do Maciambu, em Palhoça, perto da Praia do Sonho e da Guarda do Embaú, mas em uma região mais ao Sul em relação ao fogo do mês passado, um novo incêndio consumiu parte da vegetação por cerca de 20 horas. As chamas começaram logo após o meio-dia de quarta-feira e foram extintas pelos bombeiros por volta das 10h30min desta quinta-feira (3). Uma leve chuva amenizou a seca e facilitou o combate dos cerca de 40 bombeiros que atuaram no incêndio, além de agentes da Polícia Militar Ambiental e servidores do Instituto do Meio Ambiente (IMA) que trabalham na sede do parque.

Coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro desde 2017, Carlos Cassini tinha no uniforme verde as marcas do fogo e no rosto um corte que sinalizava as horas de combate ao fogo dentro da mata. Ele e outros servidores do IMA entraram na mata com a polícia logo no início das chamas e saíram só à noite. Cansado, o coordenador deixou clara a frustração de reviver após poucas semanas o caos de um grande incêndio florestal.

— É uma sensação de raiva, tristeza, frustração, impotência, tudo isso misturado. Provavelmente foi um incêndio criminoso de novo. A gente montou um grupo de trabalho com os bombeiros, etc, por causa do último incêndio. Foi divulgado num dia e no outro queimaram novamente aqui. É uma queda de braço — desabafa.

Embora a região tenha um histórico de queimadas, Cassini diz que nos últimos anos não havia passado por situações do tamanho das que atingiram o parque agora. Moradores da região dizem que é frequente o uso do fogo na área para limpar pastos ou liberar áreas para loteamento irregular — como um terreno que foi flagrado e embargado na semana passada.

Continua depois da publicidade

Fogo chegou perto de casas em Palhoça
Fogo chegou perto de casas na região de Morretes, em Palhoça (Foto: Gabriel Lain / Diário Catarinense)

"Nunca vi o fogo chegar tão perto", diz morador

Embora no incêndio do mês passado o fogo tenha ameaçado algumas residências que fazem limite com o parque, nesta quarta-feira as chamas chegaram ainda mais perto de casas na região de Morretes, em Palhoça, perto do acesso para a Guarda do Embaú.

Lino da Silva, de 69 anos, mora no local há 28 anos e disse que nunca tinha visto o fogo chegar tão perto de casa. Toda a área nos fundos da residência dele ficou queimada e um rancho de madeira quase foi atingido pelo fogo.

— Deu medo, o fogo era muito alto e o vento estava espalhando. Tem fogo aí quase todo ano, mas nunca tinha visto assim tão perto — disse o morador.