Filipe Luís Kasmirski é um profissional de carreira bem sucedida. Aos 34 anos, o garoto nascido em Jaraguá do Sul e revelado pelas categorias de base do Figueirense é um dos protagonistas do momento de redenção vivido pela maior torcida do país. Com a camisa do Flamengo, o lateral-esquerdo ajudou o Rubro-negro a faturar os títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores.

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Na semana em que o grupo do clube carioca se prepara para viajar ao Catar, onde disputará o Mundial de Clubes, o jogador falou à reportagem sobre o momento que vive. Com a experiência de quem cresceu na Europa e vestiu camisas de clubes importantes no Velho Continente (Ajax, Atlético de Madrid e Chelsea), fala do aprendizado do outro lado do Oceano Atlântico e aponta as principais diferenças entre o futebol europeu e o brasileiro.

“Uma pessoa que respira futebol 24 horas por dia”. Assim, o atleta define o técnico português Jorge Jesus, novo ídolo da torcida rubro-negra.

Filipe lamenta a situação vivida pelos clubes catarinenses e torce pela volta por cima. Diz ainda que sonha em jogar a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Confira o que mais Filipe Luís disse na entrevista a seguir:

Quais são as principais diferenças do futebol europeu para o brasileiro?

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Existem algumas. O que mais me chamou atenção no início foi a velocidade do jogo. No Brasil, a partida para mais. Na Europa, é intensidade o tempo todo. Acho que essa é a principal diferença. Tem a questão dos gramados, que é algo que já mencionei em outras entrevistas, é um fator que desacelera o jogo.

O que você mais aprendeu com o argentino Diego Simeone e, agora, com o português Jorge Jesus?

Tento aprender com todos os treinadores que trabalho. Além do Simeone e do Jorge, tem o Tite, (o português José) Mourinho, (o espanhol Miguel Angel) Lotina, Dorival (Júnior)… Com todos aprendi aspectos do jogo que me ajudaram e ajudam a evoluir.

Qual é o legado que Jorge Jesus está deixando para o futebol brasileiro?

É uma pessoa que respira futebol 24 horas por dia, um estudioso que se dedica totalmente para fazer o time jogar da forma que ele entende ser a correta. Acho que, taticamente, ele apresenta aspectos bem interessantes e que podem ser aproveitados por outros profissionais. Temos outros profissionais muitos capacitados no país.

Para o mundo, esta final de Libertadores (vitória do Flamengo sobre o River Plate por 2 a 1, em Lima) muda o patamar do futebol sul-americano?

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O centro do futebol mundial vai continuar sendo a Europa, isso envolve questão financeira e, talvez, até geográfica, quando pensamos, por exemplo, em mercado asiático. Mas a Libertadores nunca deixou de ser importante. Se alguém ainda tinha dúvida da qualidade e da força do futebol sul-americano, não deve ter mais.

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(Foto: Alexandre Vidal , Marcelo Cortes e Paula Reis, Flamengo, Divulgação)

O que significa jogar no Flamengo?

É um sonho de criança e uma grande oportunidade. Não vim para o Flamengo por ser torcedor ou por querer voltar ao Brasil. Vim porque recebi a proposta de um clube estruturado, com ambição. Vim para fazer história, junto com esse grupo.

Você é rubro-negro, assim como muitos membros da família. O que significa conquistar esses títulos (o Brasileiro e a Libertadores) com o time do coração?

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Tem um sabor diferente fora de campo. Ali dentro é competição em alto nível, preparação, concentração total. Quando acaba, você para e pensa nisso tudo, mas aí já tem a próxima meta. Talvez um dia eu reflita melhor sobre tudo isso que está acontecendo.

O que passou pela cabeça quando você subiu no trio elétrico no domingo posterior ao título da Libertadores e viu aquele mar rubro-negro pelas ruas do Rio de Janeiro?

É mágico, uma sensação maravilhosa. A torcida do Flamengo tem uma força especial, é uma atmosfera que só estando ali para entender. No dia a dia já é uma coisa difícil de descrever, naquele momento ali com certeza foi especial.

Recentemente, você admitiu em entrevista que alguns ex-colegas do futebol europeu lhe perguntam sobre como está sendo essa experiência no Brasil, e um dos nomes citados foi o do atacante Diego Costa, que teria mostrado pré-disposição em jogar por aqui. É só uma curiosidade ou existe realmente uma disposição de jogadores desse nível em vir jogar no Brasil? No que você tem contribuído para isso?

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Acho que é natural do futebol esse contato. O Diego (Ribas, meia do Flamengo) foi importante nesse sentido para a minha vinda para o Flamengo. A partir do momento que os clubes aqui estiverem estruturados e organizados, esse movimento vai acontecer mais. Tento fazer o possível para melhorar o que vejo que pode ser melhorado.

Você ainda acompanha o futebol catarinense? O que tem achado?

É um futebol muito forte regionalmente, que pode ser mais forte nacionalmente. O problema com o Figueirense, por exemplo, foi muito triste não só para o clube, mas para o Estado. Menos mal que os jogadores e a torcida conseguiram evitar o rebaixamento.

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(Foto: Alexandre Vidal , Marcelo Cortes e Paula Reis, Flamengo, Divulgação)

Como catarinense e um jogador formado nas categorias de base do Figueirense, qual é o tamanho da perda que o futebol de Santa Catarina terá ao não contar com nenhum representante na Série A do Brasileiro em 2020?

É uma situação chata. Espero que seja momentânea e que os clubes possam se recuperar para subirem e se manterem, de maneira consistente, na primeira divisão. O futebol brasileiro é muito difícil nesse sentido, são muitas equipes capacitadas brigando para estar na elite.

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Sonha jogar a Copa do Mundo no Catar, em 2022?

Qual jogador não quer jogar uma Copa do Mundo? Quero, sim, fazer parte do grupo. Esse período de testes é natural e teve também a questão do calendário, que influenciou as convocações, mas sigo à disposição da comissão técnica.

(Colaborou César Seabra)

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