Para o autor do livro 20 Anos de Lições de Trânsito – Desafios e Conquistas do Trânsito Brasileiro de 1987 a 2007, a letalidade nas rodovias tem base em uma série de causas. Confira:

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Rodovias de SC registram um grande número de acidentes graves com mortes. Neste último feriado, a maioria dos registros apontavam para colisões frontais em trechos de pistas simples. Como o senhor avalia estes dados?

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Obviamente temos problemas e o fato de serem em pista simples é um ponto importante. Mas nunca há uma só razão para um problema mais complicado e sim uma série de causas. Sempre é bom lembrar que não temos cultura de segurança, tanto por parte do governo, como da sociedade e empresas. As pessoas cometem importantes erros. Outro problema é que temos poucas estradas que ficam lotadas por conta dos feirados. Nestas datas muitos motoristas afoitos cometem erros e são imprudentes.

O que falta então?

Falta um maior policiamento nas estradas. Outro problema é o grau de manutenção da frota, motoristas não fazem revisões periódicas que causam situações fatais. Precisamos de um diálogo de segurança que seja liderado pelo governo. Tivemos um feriado prolongado e antes disso não houve campanhas de segurança dos órgãos envolvidos, como o Detran, por exemplo. Há uma mescla de elementos que formam uma bomba de efeito retardado para explodir durante os finais de semana. Os feriados são um risco grande é complicado pegar uma estrada. Temos um grande número de motoristas imprudentes – um coquetel complicado e que precisa ser enfrentado pelas autoridades.

O senhor poderia fazer um comparativo com a situação das rodovias catarinenses com as demais nos outros estados? O que falta para melhorar as nossas BRs?

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Em geral SC está na mesma média das outras. As rodovias catarinenses tem algumas características como morros e curvas. Algumas rodovias pedagiadas se destacam por ter uma qualidade melhor, mas não é só isso. Veja por exemplo o caso da BR-101 que tem parte dela pedagiada, mas devido ao grande tráfego de veículos se torna perigosa, além do que ela corta muitos municípios e carece de um trabalho de manutenção em alguns trechos.

A duplicação das rodovias que apresentam um grande fluxo no Estado poderia amenizar os constantes acidentes?

Sim, mas o fato de melhorar a rodovia não significa que ela poderá ser segura e livre de acidentes. Por exemplo, quando temos determinado trecho esburacado e que foi repavimentado, aumenta o número de acidentes quando motoristas abusam da velocidade e há falta de policiamento. Por exemplo, na entrada do município de Gaspar, antes do Posto Rodoviário há um boneco de um guarda, só por isso, motoristas já diminuem a velocidade. A sociedade não tem cultura de segurança e precisa da presença policial. Outro problema é a qualidade dos nossos motoristas que deixa muito a desejar.

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Como resolver então este conjunto de fatores?

É um coquetel perigoso e muito complicado de resolver. As análises dos grandes problemas dependem de uma abordagem sistêmica para resolver as diversas partes para compor um todo. Os problemas são: a má conservação dos veículos, a qualidade dos motoristas, a manutenção das estradas, a falta de sinalização, bem como a falta de policiamento além dos fatores meteorológicos como excesso de chuva e outros fatores.

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