– À vezes não há forma melhor de se aproximar de um universo do que na forma do documentário – declarou nesta segunda-feira Amir Labaki, diretor do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (ETV), na ocasião do anúncio da programação da 17.ª edição do evento, que ocorre em São Paulo e Rio de Janeiro de 22 de março a 1.º de abril.

Continua depois da publicidade

Desta vez, serão cerca de 80 histórias longas e curtas que ganham o olhar dos documentaristas dos mais variados países. Entre os longas em competição, 25 títulos fazem sua estreia mundial no ETV.

– É uma das edições mais plurais que já tivemos – disse Labaki. – Se em outros anos, principalmente depois do 11 de setembro, a temática política deu o tom à grande maioria das produções, desta vez tudo está mais híbrido. Há desde as grandes questões sociais em foco, como a Primavera Árabe, por exemplo, até temas mais pessoais. É um momento da produção mundial que não aponta na direção de nenhum tema específico, mas sim na pluralidade.

Entre os homenageados do festival estão Eduardo Coutinho, na retrospectiva nacional, e o argentino Andrés Di Tella. Mais que a totalidade da obra de Coutinho, ganha destaque principalmente a fase de formação do diretor como documentarista.

Continua depois da publicidade

Coutinho – O Caminho até Cabra traz sete títulos e dois debates com a participação do cineasta e colaboradores cruciais para que Cabra Marcado para Morrer (1984) fosse realizado e para que tenha também passado pela restauração pela Cinemateca Brasileira.

– É a melhor hora para se analisar desde o período de formação de Coutinho como documentarista até a sua consagração como um dos maiores do mundo – afirmou Labaki.

Já Di Tella surge como o segundo latino-americano a ser homenageado pela retrospectiva internacional do festival. O primeiro foi o cubano Santiago Álvares, na primeira edição do ETV, há 17 anos.

Continua depois da publicidade

O diretor do É Tudo Verdade também ressaltou que a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dará pela primeira vez um troféu no evento, e que a 12ª Conferência Internacional do Documentário discutirá este ano a utilização de técnicas de animação nos filmes de não ficção. Em tempos de vertentes tão plurais nos temas, os realizadores encontram novos formatos para se aproximar cada vez mais da verdade na tela.

Um exemplo de uso criativo e competente da forma para se contar uma história com a maior fidelidade possível, segundo Labaki, é Tropicália, de Marcelo Machado. Ainda inédito, o longa abre a edição paulista do festival. No Rio, a abertura ocorre com Jorge Mautner – O Filho do Holocausto, de Pedro Bial e Heitor D’Alincout.