Alvo suspeitas levantadas pela imprensa de que teria feito tráfico de influência para beneficiar empresa de consultoria, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), publicou nesta sexta-feira uma mensagem de esclarecimentos em sua página pessoal na Internet. Na carta, Pimentel salienta que seu trabalho como consultor na empresa P-21 foi exclusivamente privado.

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Na avaliação do ministro, os esclarecimentos já foram dados. Ainda assim ele escreveu que pretende prestar toda e qualquer informação à população, mas destacou que é preciso ter cautela com o que classificou como “jogo político”.

“É preciso cautela para que o jogo político não termine por contaminar o livre exercício de um direito. Para que esse direito não seja usado para atingir biografias respeitáveis”, diz a carta.

Pimentel salientou que a empresa P-21 não manteve, entre 2009 e 2010, qualquer contrato com os governos municipal, estadual ou federal.

“Só abri a consultoria após deixar a prefeitura. E dela me desliguei ao receber o convite para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Entre 2009 e 2010, período em que a P-21 funcionou, não ocupava qualquer cargo público”, informa outro trecho da mensagem.

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Nesta sexta-feira, Na Argentina, Pimentel chegou a dizer que está “tranquilíssimo” em relação às suspeitas levantadas. O ministro se referiu à conversa que teve com a presidenta Dilma Rousseff.

– Tenho certeza de que esse episódio está superado.

Segundo Pimentel, não há motivos para o Congresso convocá-lo a dar explicações. Mas garantiu que irá, se for chamado.

Leia a íntegra da mensagem de Fernando Pimentel:

Olá amigos,

Faço esse contato para evitar que eventuais ruídos prejudiquem as informações que chegam até vocês. Quando comecei a minha vida pública, nos anos 90, como secretário da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, assumi a responsabilidade de prestar toda e qualquer informação à população, a serviço de quem estamos como ocupantes de cargos públicos. Neste momento não posso agir de maneira diferente. Renovo o compromisso de atuar com transparência e tratar, com absoluta franqueza, todos os temas que vêm sendo abordados pela imprensa.

Meu trabalho como consultor na empresa P-21 foi exclusivamente privado. Só abri a consultoria após deixar a prefeitura. E dela me desliguei ao receber o convite para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Entre 2009 e 2010, período em que a P-21 funcionou, não ocupava qualquer cargo público. A empresa não manteve, nestes dois anos, qualquer contrato com os governos municipal, estadual ou federal. Desde a primeira reportagem publicada, no último domingo, optei pelo diálogo franco. Recebi diversos jornalistas aos quais prestei esclarecimentos, adiantei informações e apresentei cópias dos contratos firmados e das notas fiscais. O material comprova de forma inequívoca que houve uma prestação dos serviços e o decorrente recolhimento de impostos.

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Os documentos, portanto, são de conhecimento da imprensa. Fala-se em R$ 2 milhões de faturamento. O valor líquido dos serviços prestados, é R$ 1,3 milhão, como expliquei aos jornalistas, depois de pagos os impostos e as despesas de escritório. Feita as contas, isso corresponde, em dois anos, uma média de R$ 50 mil por mês, compatível com o que o meio empresarial paga a executivos e consultores no Brasil.

Minha atividade profissional foi regular e legal ao contrário do que a leitura de reportagens publicadas pode fazer crer. Respeito e valorizo o trabalho da imprensa. Participei da luta democrática pela liberdade de expressão e de acesso à informação. Sei o que é conviver com restrições às liberdades individuais. Neste caso, depois das várias entrevistas que concedi, os documentos que apresentei, e até mesmo as confirmações por parte dos clientes de que os serviços foram prestados ainda não estancaram as falsas suposições. É preciso cautela para que o jogo político não termine por contaminar o livre exercício de um direito. Para que esse direito não seja usado para atingir biografias respeitáveis. Por isso, fiz questão de falar diretamente com vocês. A minha postura será sempre pautada na ética, na verdade e na transparência.

Um abraço,

Fernando Pimentel