Para a psicóloga Josiane da Silva, Coordenadora do curso de Psicologia da Univali, a Monster High tem muitas semelhanças com a Barbie. Apesar de fazer parte de um universo de monstros, a boneca lançada há três anos pela Mattel não é feia e, inclusive, destaca o que há de mais valorizado na mulher.
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Diário Catarinense – Por que as bonecas Monster High estão mais desejadas do que a Barbie?
Josiane da Silva – O consumo das bonecas Barbie e Monster High diluem as fronteiras entre o mundo adulto e o mundo das crianças pelo padrão de vida de cada uma dessas bonecas. Ambas apresentam para as crianças um modelo de beleza relacionado à pessoa alta e magra, além de todo um universo de acessórios que demonstram seu estilo de vida.
DC – A “feiura” das bonecas Monster High significa que é bonito ser feio?
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Josiane – A Monster High não é feia, ela apresenta traços estéticos bastante valorizados na mulher da nossa cultura (olhos grandes, lábios destacados em torno mais forte, maxilar mais saliente, cabelos longos, roupas fashion, salto alto, pernas de fora). Muitas crianças não a vêm como um monstro, mas simplesmente como uma boneca, assim como já aconteceu com vários outros brinquedos que consideramos “esquisitos” e que caíram no gosto infantil (como Bob Esponja e Shrek).
DC – Um antigo padrão de beleza está sendo rompido?
Josiane – Acredito que isso não esteja rompendo padrão de beleza, mas destacando o que se considera belo em nossa cultura por meio dos brinquedos que são fabricados. Ambas foram produzidas por adultos e apropriadas pelas crianças. Porém, no momento da brincadeira, elas podem exercer outros papéis diferentes ao que foram criadas inicialmente (a Monster High pode ser mãe do cachorrinho de pelúcia que a criança possui e a Barbie pode ser a vampira da história), porque a essência do brincar é a espontaneidade. A brincadeira constitui-se um “terreno” livre para esse exercício, quase obrigatório, porque é preciso brincar na infância, exercitar a imaginação, tornar-se humano, conhecer e sintonizar-se com o mundo.