Por Renato Igor

A divulgação dos dados criminais do primeiro semestre em Santa Catarina é um alerta para que a Polícia Militar e os magistrados deixem de trocar farpas pelas redes sociais e imprensa e busquem as soluções que a sociedade espera. A taxa de homicídios, que é o principal indicador de violência, subiu 15,6 %. Foram 60 mortes a mais do que no mesmo período do ano passado, totalizando 445 assassinatos. A informação de que 70% dos homicídios têm como origem o tráfico é mais um sinal de que apenas repressão não dá resultado.

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O secretário estadual de segurança pública, promotor de justiça César Grubba, argumenta que os nossos indicadores criminais são os melhores do país. É verdade. Isso muito nos orgulha. A qualidade de vida aqui não se compara com os demais Estados. A grande questão é que o correto deveria ser a comparação com o que há de melhor, não o contrário. Não conforta ao contribuinte catarinense saber que andar na rua aqui é mais seguro do que em Curitiba ou Porto Alegre. O pagador de imposto lembra do tempo em que ele vivia num Estado mais seguro. Época em que era possível deixar as janelas de casa abertas. Isso não existe mais. É preciso comparar com o histórico dos indicadores catarinenses. E então, percebe-se claramente que a violência está aumentando. Aí está o perigo. O número de assassinatos vem crescendo. Em 2013 (704), 2014 (762) e em 2015 (829). É claro que não existem soluções mágicas. Precisamos de tudo, ao mesmo tempo e agora. Aumentar os efetivos policiais, aumentar vagas (com dignidade) no sistema prisional, prover o Estado de vagas para jovens infratores, rever a lei penal e, claro, ofertar políticas de inclusão com bons serviços essenciais à população mais carente.

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Essencial agora, no curto prazo, que o governador Raimundo Colombo exercite a sua principal virtude – o político conciliador. Depois de sentarem à mesma mesa o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Torres Marques, o presidente da Associação de Magistrados, Odson Cardoso Filho, o secretário de Segurança Pública, César Grubba, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Hemm, juntos devem construir uma agenda positiva. Um plano de ação para que sejam alinhados procedimentos convergentes para o bem da segurança pública catarinense. O que menos Santa Catarina precisa agora, ainda mais numa época de vacas magras, é de discussão pela imprensa e redes sociais por parte de quem deveria trabalhar em conjunto para uma sociedade mais justa e segura.