Os números assustam: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 350 milhões de pessoas no mundo têm episódios depressivos. É o principal motivo de incapacidade e a segunda causa de morte dos indivíduos que cometeram suicídio entre 15 e 29 anos. Destes, 11,5 milhões são brasileiros, o equivalente a 5,8% da população, maior índice na América Latina.
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A Região Sul tem o maior número de casos, e dos 12,9% das pessoas diagnosticadas, 8,3% apresentam incapacidades graves em decorrência da depressão. Tudo isso me produz um forte sentimento de pesar e respeito pelo sofrimento humano, despertando a vontade de fazer algo pela pessoa que vive dentro de cada um de nós.
Vivemos tempos em que o vazio, a solidão e a ansiedade evoluíram para a depressão, sinônimo do desânimo e da desesperança por dias melhores. Não falo de desânimos passageiros, mas de um estado de desinteresse, falta de motivação e apatia, com ou sem causas aparentes, que duram semanas, meses e, por vezes, anos.
Além de sensações de cansaço físico intenso, raciocínio lento, concentração limitada e esquecimentos de coisas simples, há sintomas físicos sem justificativa médica: dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça, corpo pesado ou pressão no peito, entre outros. Tudo isso sem falar na perda ou no aumento do apetite, insônia ou sono intenso, diminuição do prazer sexual e até do prazer pela vida, muitas vezes impedindo a realização das atividades do dia a dia. É possível que a situação se torne tão insuportável que leve as pessoas a pensarem na morte como um caminho.
Se, por um lado, temos os medicamentos para estabilizar os neurotransmissores, por outro, a conversa com pessoas de confiança e um acompanhamento psicológico podem ajudar quem apresenta episódios depressivos a reconhecer as possíveis distorções da realidade oriundas dos pensamentos negativos e questionar as verdades absolutas de que não há saída. E, assim, despertar a coragem de se conduzirem pelas próprias convicções, não como desafio ou obstinação, mas como algo em que acreditam.
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*Anita Bacellar é psicóloga e mora em Florianópolis