Após um ano de pandemia, especialistas da saúde analisam o avanço da Covid-19 no Brasil e em Santa Catarina e afirmam que o Estado vive o pior momento da doença. Em entrevista à NSC TV, eles destacaram que as duas únicas alternativas, neste momento de colapso da saúde, são: acelerar a vacinação e diminuir a circulação de pessoas. 

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O médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, Jamal Suleiman diz que o país está vivendo um “cenário de guerra”, tanto do ponto de vista do aumento de casos da doença, quanto em relação às medidas adotadas pelos governos.  

— Esse é o momento mais dramático desde que a pandemia se instalou no país, sob todos os aspectos. Do ponto de vista da evolução da doença, o drama é imenso porque a gente caminha para as 300 mil mortes e de um certo sentido nós acabamos naturalizando isso, porque essa tem sido a postura do governo federal. Do ponto de vista de organização, eu acho que a gente vive a mais aguda crise, de absoluta incompetência em relação ao órgão que deveria coordenar essa ação que é o Ministério da Saúde.

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Durante o debate, a médica infectologista Sabrina Sabino demonstrou preocupação com a situação do Estado, citando a situação de colapso dos hospitais:  

— É o pior momento da pandemia, com certeza, aqui em Santa Catarina. Nós estamos com um problema gigantesco, lá no gargalo a respeito de falta de leitos de UTI. Está sendo desesperador — relata.  

Conforme o epidemiologista e coordenador da Epicovid-19, Pedro Hallal, apesar de ainda não ter ultrapassado no acumulado, o Sul do país tem os piores dados do Brasil, no momento. Segundo ele, isso aconteceu por conta do relaxamento das medidas. 

— No começo da pandemia, a população gaúcha, catarinense e paranaense respeitaram muito as medidas de distanciamento. Houve um controle bem razoável da disseminação do vírus. É claro que houve óbitos, mas num ritmo muito menor do que o restante do Brasil, pelo menos até setembro do ano passado. A verdade é que essa sensação de que estávamos indo bem fez com que abríssemos a porteira. E com esse vírus não tem erro, se relaxa as medidas, acontece o efeito rebote. 

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Especialistas defendem lockdown

É consenso entre os especialitas que a solução, diante deste momento de crise no Estado e em SC, é acelarar a vacinação e diminuir a circulação de pessoas.  

Jamal Suleiman lembra que a imunização no Brasil está muito atrasada em relação aos outros países, principalmente porque continua dependendo de apenas duas vacinas — a CoronaVac e a da Oxford/Astrazeneca —, sem garantia do fornecimento dos produtos. 

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Mas enquanto a vacinação continua lenta, e as negociações com outras fabricantes não saem do papel, para Pedro Hallal o único caminho é um fechamento total de todo o Estado. 

— Para que a gente pudesse manter essas restrições só no final de semana e na madrugada, a gente tinha que combinar com o vírus: ‘olha, durante a semana tu não infectas ninguém, só no final de semana’. Não existe isso. É o momento de um fechamento rigoroso, eu diria de três semanas. Os setores econômicos que estão ingressando contra essa medida estão equivocados. Inclusive pelo interesse econômico deles. A economia desses setores vai se recuperar de forma muito mais rápida se o vírus parar de circular desse jeito em Santa Catarina — destacou.

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