O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, na noite de segunda-feira, que é “inadequado” falar que a economia brasileira passa por uma crise ou mesmo está estagnada.

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– Que crise é essa com quase pleno emprego, com valorização da bolsa (de valores) há mais de seis meses e com estabilização cambial, entre outros atributos? – enfatizou ao discursar em uma premiação a empresários promovida pelo jornal Valor Econômico, na capital paulista.

O discurso do ministro foi uma resposta a críticas que as decisões tomadas pelo governo na área da economia vem recebendo de jornalistas, economistas e analistas econômicos e de mercado. Uma série de índices econômicos negativos foi divulgada no último mês.

Na segunda-feira, a projeção do crescimento da economia foi revisada pela 13ª semana seguida de 0,79% para 0,70%. O mês de julho registrou a pior arrecadação para julho desde 2010 e a pior criação de empregos formais em 15 anos. O primeiro semestre de 2014 teve o pior Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do governo Dilma Rousseff para a primeira metade do ano.

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Porém, segundo Mantega, já existem indícios de que a economia voltará a crescer na segunda metade do ano.

– Após a desaceleração do segundo trimestre, já está sendo detectado neste segundo semestre a recuperação do nível de atividade. Nestas circunstâncias, podemos falar em crescimento moderado. É inadequado falar em estagnação, em recessão e, muito menos, em crise da economia brasileira – afirmou o ministro.

A recuperação foi possível, segundo Mantega, após a desaceleração da inflação que permitiu que o Banco Central afrouxasse a política monetária.

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– Com a inflação em queda livre e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tendo chegado a praticamente zero em julho (0,01%), iniciou-se a descompressão da política monetária.

Os aumentos da taxa básica de juros e outras medidas tomadas pela autoridade monetária foram, de acordo com Mantega, necessários para combater a alta dos preços, impulsionada pela estiagem de 2013.

– A política monetária foi um sucesso como instrumento para combater a pressão inflacionária, mas resultou na queda vertiginosa no crédito às empresas e aos consumidores – ressaltou.

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Apesar da queda no crescimento, Mantega acredita que o país teve um bom desempenho e superou o momento adverso causado, principalmente, pela turbulência no cenário internacional.

– Não se pode negligenciar o fato de que vivenciando uma crise internacional tão grave quanto a de 1929 e o Brasil tenha se saído tão bem em comparação com as crises do passado – analisou.

– Apostamos na queda dos juros, na redução de tributos, mantivemos o câmbio flutuante evitando o excesso de valorização do Real – citou sobre as medidas tomadas para combater os efeitos da crise. Mesmo assim, Mantega ressaltou que o governo não abriu mão do sistema de metas de inflação e da sustentabilidade macroeconômica.

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