O produto químico arseniato de cobre cromado, que caiu de um caminhão às margens de um córrego afluente do Rio Matias, em Santo Amaro da Imperatriz, nesta segunda-feira, deve ser observado atentamente pelos órgãos ambientais nos próximos dias. Apesar da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) ter afirmado que aparentamente o produto não chegou ao rio, por ter caído no solo, pode ser absorvido e levado ao manancial.
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De acordo com o doutor em química e professor do curso de farmácia e biomedicina da Univali, Roberto Dalla Vecchia, o produto contém metais pesados altamente tóxicos para o ser humano e animais. O arseniato de cobre cromado é usado para preservação da madeira depois de cortada, evitando o ataque de microorganismo, como fungos, insetos e bactérias, que agem na decomposição.
– Se o produto é nocivo a microorganismo também é tóxico aos seres humanos – completa.
É comum o uso desse produto para preservação da madeira no Brasil. Mas, pela composição de metais pesados, a manipulação exige cuidados. Vecchia explica que a ingestão do produto puro, como estava ao cair do tambor de 500 litros, pode matar o ser humano. No caso de ter caído na água, a ingestão pode provocar náuseas e tontura. O arsênio e o cromo podem causar câncer com a longa exposição.
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– É importante que por um período os órgãos ambientais façam o controle dessa água – salienta Vecchia.
Casan faz análise com a água
O derramamento aconteceu em um terreno de 50 metros quadrados, localizado a cerca de 10 metros do córrego afluente do Rio Matias, que é afluente do Rio Cubatão, responsável pelo abastecimento de água da Grande Florianópolis. Em nota à imprensa, a Casan afirma que técnicos da Gerência de Meio Ambiente, em conjunto com a Fatma, estiveram no local e constataram que o derramamento foi no solo, sem contato aparente com o córrego.
A empresa realizou coletas no manancial e análises estão sendo realizadas em laboratório terceirizado, por se tratar de metais estranhos ao conjunto de análises do laboratório da Casan. Ensaios complementares imediatos estão sendo realizados pela própria companhia.
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– Houve interrupção parcial na captação do Rio Cubatão entre 19h e 24h de segunda-feira – confirma a nota.
A empresa ainda não revelou em quanto tempo os resultados das análises de água serão divulgados.
Produto continua na rodovia
Até às 10h desta terça-feira, a areia que foi colocada para conter o produto química ainda estava na BR-282, próximo à localidade de Varginha, coberto com uma lona preta. As equipes de órgãos ambientais estadual e municipal trabalharam até a 1h de terça-feira e retiraram uma camada de 50 centímetros de areia do solo atingido com o produto. A expectativa era retirar mais 50 centímetros durante a manhã.
Veja em vídeo a remoção do solo contaminado nas margens do rio Matias: