Doutora em Linguística Aplicada pela PUC-SP e autora dos livros Eles Sabem (Quase) Tudo: o que ainda é preciso ensinar e o que se pode aprender com nativos digitais e Tecnologia na Educação: Reflexões sobre docência, aprendizagem e interação entre jovens e adultos, da Editora Melo, Betina von Staa concedeu entrevista ao Diário Catarinense para esclarecer dúvidas comuns entre os pais. Confira:
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Diário Catarinense – As novas tecnologias ajudam no desenvolvimento das crianças?
Betina von Staa – As crianças não questionam se (as novas tecnologias) são importantes ou não. Elas consideram a internet, os computadores e os dispositivos móveis tão naturais quanto água encanada e eletricidade. Além disso, acham o celular mais fácil de usar do que o telefone fixo. O desenvolvimento não ocorre por causa da tecnologia nem é necessariamente acelerado por ela, mas faz parte da vida das crianças.
DC – Deve haver restrições no uso dessas tecnologias?
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Betina – As restrições dizem respeito à vida saudável. As crianças não devem deixar de correr, dormir e se alimentar devido ao uso excessivo de tecnologia. Também não devem usar o serviço de forma repetitiva, passando muito tempo (ou todo tempo) em um mesmo jogo ou outra atividade única. É importante que o uso seja diversificado, interativo e que inclua aprendizagem.
DC – Escolas e professores sabem usar as tecnologias?
Betina – Muitas escolas desenvolvem projetos interessantes. Professores e alunos se aproximam mais, trocam materiais, realizam pesquisas, interagem, vão além da sala de aula. É importante que as escolas ensinem os alunos a utilizar a tecnologia de forma consciente, orientando-os a lidar com o excesso de informação e eventuais informações erradas da internet.
DC – E os pais têm controle sobre esse excesso?
Betina – É importante que os pais reforcem o papel de educadores para se sentirem à vontade. Devem exigir bom senso dos filhos para distinguir conteúdos e comportamentos produtivos. Os pais não precisam achar que “é assim mesmo” quando seus filhos não querem desligar os equipamentos, insistem em jogar ou interagir com os colegas em vez de estudar ou ainda fazem uso de linguagem inapropriada nas redes sociais.
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DC – O que podemos ensinar e aprender com os nativos digitais?
Betina – Os nativos digitais são rápidos, sabem alternar atividades em alta velocidade, interagem com muita gente ao mesmo tempo e buscam informação na hora que precisam. Mas também devem ser orientados para distinguirem a qualidade das informações que acessam na rede e um meio de manter a concentração por mais tempo.