Por se tratar do derradeiro Painel Local, alguns aconselhamentos recebi nestes dias para fazer uma narrativa épica dos últimos 36 anos – que é o tempo que tenho de trabalho registrado e remunerado que ora interrompo. Não é caso, proclamo (aproveitando o feriado da Proclamação) e, além do mais, vêm-me à memória as tantas vezes que um ex-colega de labuta chamado Ari alertava-nos sobre o exercício da autolouvação. Não! Na falta de um tema factual a comentar, a preferência continua sendo contar histórias, mesmo num dia como hoje, da despedida deste espaço.

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Mas foi inevitável amanhecer em excitação juvenil para o último compromisso com o Painel Local. Agitado como acordava em dias de pegar o trem em São Chico para viajar a Joinville ver os tios. Ou quando entrei pela primeira vez em um circo, aos quatro anos (em 1969) e ali decidir que, quando crescesse, seria mágico de soltar pombinhos pelas mangas. O trem – ah, viajar de trem! – sempre me levou aos parentes. O caminho para ser mágico não achei. Encontrei outras oportunidades com as quais foram pavimentadas as demais estradas que me trouxeram até aqui narrando fatos bons e ruins, analisando a vida ou contando historietas.

E foi assim que o tempo passou e desembocou neste feriado em que me despeço da página em que pousaram, num dia, uma abordagem crítica sobre acontecimentos; noutro, um reconhecimento público; por vezes, reflexões; em dias menos salientes de fatos, incursões sobre sucedidos e acontecidos que a memória conserva. Olhar local, enfim. Foi assim que atravessamos estes longos anos ocupando espaços nas folhas quase centenárias do “AN”. O resultado, não mensuro, lembro da autolouvação e contenho-me. Melhor submeter-se ao julgamento.

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Assim, fico por aqui. Como anunciado na coluna de sábado passado, deixo o “AN” nesta semana. Há um aperto no peito, um nó na garganta e, possivelmente, uma lágrima escapando, um soluço sufocado. Uma vida, felizmente de muitas conquistas, repassa seus capítulos numa espécie de vale a pena ver de novo todo pessoal.

Fica o agradecimento aos leitores, aos companheiros, aos amigos – pela companhia, pela confiança e pela parceria.

Muitíssimo obrigado.