Em entrevista ao Diário Catarinense, o diretor do Departamento de Administração Prisional, Leandro Lima, falou sobre os momentos de tensão que o sistema está vivendo com a greve dos agentes. Duas mobilizações, nesta quinta-feira, nas penitenciárias de Florianópolis e de São Pedro de Alcântara acenderam o sinal de alerta para a necessidade da resolução do impasse entre a categoria e o Estado.
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Um grupo de 50 mulheres, formado por familiares de presos, foi responsável pelo fechamento da rua Delminda Silveira, em frente ao Complexo Penitenciário da Agronômica, em Florianópolis, que iniciou no fim da manhã e foi até a noite. Com apitos, cornetas e foguetes, elas pediam que as visitas na unidade fosse reativadas, sob o olhar atento de policiais militares. Desde que a greve dos agentes iniciou, a entrada foi suspensa.
Em São Pedro de Alcântara, os detentos promoveram um princípio de tumulto na unidade. A PM teve de ser acionada.
Diário Catarinense – Não seria o momento de tomar uma ação mais forte nas unidades?
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Leandro Lima – Até agora nos mantivemos tentando dialogar. A partir daquele momento (decisão pela ilegalidade da greve), qualquer tipo de entendimento seria desrespeitar o que o desembargador mandou. Os grupos de parentes que se manifestaram hoje (ontem), fizeram uma manifestação justa. Estamos caminhando para a terceira semana da restrição dos direitos dos apenados. Evidentemente, trancar rua não é justo. É claro que estamos preocupados com um possível agravamento dos ânimos dentro das unidades prisionais. Os instrumentos até agora que estamos tomando são no campo jurídico. Daqui para frente, outras medidas terão que ser tomadas para garantir a ordem nas unidades prisionais.
Diário Catarinense – E o que será feito a partir desta sexta-feira, então?
Lima – A gente tem toda uma estratégia, que a gente chama de plano alternativo, sendo estudado, que está à mesa. Não podemos, por absoluta questão de segurança, informar mais do que isso.
Diário Catarinense – Mas essas ações serão colocadas em ação logo?
Lima – Depende da evolução. Saindo daqui temos outros encontros, outras possibilidades, outras medidas administrativas. É possível que tenhamos outras medidas sendo tomadas.
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Diário Catarinense – Seria uma delas talvez colocar a PM dentro das unidades?
Lima – Várias questões estão sendo colocadas. Nenhuma possibilidade é descartada. Não queremos perder o controle das unidades prisionais. Vamos tomar todas as medidas para evitar que as unidades entrem em colapso. Desde a decisão do desembargador, a responsabilidade, civil, administrativa e criminal de todos os atos tomados é do sindicato. Não é um tratamento humano manter uma pessoas há três semanas sem um banho de sol.