Dentro de dez anos, muito provavelmente não ocorrerão cenas desconfortáveis como a que marcou o primeiro dia do estande do Brasil na Feira de Frankfurt: prateleiras completamente vazias, com as quase duas toneladas de livros retidas na alfândega de Madri. Ao menos é o que prevê a maioria dos editores presentes a Frankfurt, no maior evento literário do mundo que encerrou neste domingo sua 60ª edição.

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Uma pesquisa realizada pelos organizadores com mais de mil representantes do mercado editorial de todos os continentes aponta 2018 o ano em que os livros eletrônicos – os chamados e-books – superarão em volume de negócios os existentes hoje, em papel.

– A chegada do livro digitalizado é inevitável – comentou Juergen Boos, diretor da feira, lembrando que, já neste ano, 361 exibidores (ou 5% de um total de 7.373) incluíram e-books em seu mostruário.

Se o número ainda parece pequeno, revela um grande crescimento em relação ao ano passado, quando aproximadamente 2% já tinha aderido à nova tecnologia.

– É importante notar que 42% dos produtos que estavam em exibição aqui eram livros, enquanto 30% eram digitais – observou.

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O assunto prometia ser o prato principal da feira desde seu início, quando Paulo Coelho, convidado a participar da abertura oficial, fez menção ao fato em seu discurso.

– Os livros digitais reclamam seu espaço e tudo indica que chegará o momento em que o digital superará o papel – disse o escritor.

Para Paulo Rocco, presidente do selo editorial que leva seu nome, talvez não seja necessário esperar uma década.

– Acho que em cinco anos o e-book já terá ocupado um espaço considerável.

Segundo ele, a corrida, no entanto, movimenta hoje mais a indústria que vai desenvolver as ferramentas para carregar o texto dos livros que propriamente o mercado editorial. Editores não acreditam, porém, no fim definitivo do livro em papel.

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– Esse continuará insubstituível para parcela dos leitores que jamais vão se desfazer, por exemplo, de seu dicionário favorito – acredita Luciana Villas-Boas, da Editora Record.

– Também os livros infantis sobreviverão, pois, para criança, o contato tátil é essencial – completa Paulo Rocco.