Vereador eleito e reeleito, deputado estadual eleito e reeleito por duas vezes, Darci de Matos (PSD) tenta chegar à prefeitura de Joinville pela segunda vez – foi derrotado no segundo turno em 2008 – mas adota o discurso de renovação para se diferenciar do atual prefeito. É a campanha do tostão contra o milhão, diz Darci. O deputado tem como principal cabo eleitoral Raimundo Colombo e faz questão de destacar a boa relação com o governador, embora admita que o Estado precisa investir mais em Joinville.
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QUEM É
Tem 54 anos anos, é economista e atualmente exerce o terceiro mandato consecutivo como deputado estadual. Foi vereador eleito pela primeira vez em 2000 e reeleito para a Câmara no mandato seguinte. Disputou a prefeitura em 2008, sendo derrotado por Carlito Merss no segundo turno, e apoiou o deputado Kennedy Nunes nas eleições de 2012, quando Udo Döhler saiu vencedor. Tem como vice Julio Fialkoski (PSB).
Como buscar os votos que faltam para se eleger?
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A estratégia não muda. Vamos continuar falando das dificuldades da população, principalmente de quem tem menos. A falta de remédio no posto de saúde, as filas de cirurgia, consulta e exame, a falta de vagas nas creches e o asfaltamento que não chega no bairro. E continuar apresentando nossas propostas, o asfaltamento comunitário, a ampliação do programa de construção de CEIs e compra de vagas na educação infantil. Joinville precisa investir mais na prevenção, na saúde da família. No segundo turno teremos mais tempo para comparar as duas propostas.
O senhor não buscou apoio no segundo turno para não herdar a rejeição dos outros candidatos?
Não quero compromisso com político ou com partido. Teve um ou dois que até ligaram, eu disse isso. Não quero compromisso, não tenho cargo a oferecer, não ganhei nada. Ganhando, nós vamos montar um governo técnico, com servidores de carreira, que tenham o respeito da comunidade. Nosso grupo continua, não falei com ninguém, não vou falar, não vou assumir nada. Fui bem assim, vou continuar assim.
Com mais tempo no horário eleitoral, o que o Darci vai mostrar que ainda não mostrou?
Clarear bem a realidade de Joinville, onde as pessoas mais simples enfrentam muitos problemas. E mostrar que a nossa cidade parou, não temos nem estacionamento rotativo. Perdemos muitas empresas que foram embora porque está travada a cidade. Demoramos cinco meses para abrir uma empresa, Araquari leva 15 dias. Isto eu vou poder demonstrar e poder clarear minhas propostas. A pavimentação comunitária, a prefeitura entra com 75% e a comunidade com 25%. Ampliação da parceria de compra de vaga nas creches comunitárias e particulares. Vou demonstrar o apoio que tenho, dos deputados, do governador. Isto eu quero transformar em verba para Joinville.
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O senhor diz ter uma campanha pobre. Como preencher um programa de dez minutos?
Nossa campanha sabidamente é a campanha do tostão contra o milhão. É só ver os números do TRE. Nossa campanha é mais simples. Como foi no primeiro turno, será no segundo. Vamos colocar as pessoas a falar, eu vou falar bastante. Vou falar dos projetos. Não vai encarecer, nós vamos ampliar nosso diálogo com a comunidade.
Com quem o senhor tem buscado financiamento?
Não tenho máquina, não tenho cargo comissionado para ficar doando percentual. Não tenho estrutura. Acho um absurdo a reeleição. Claro que é do jogo, está em vigor, mas é uma lei que tem que cair. Você, no poder, disputando a eleição. É difícil diferenciar o prefeito do candidato.
Se eleito, o senhor abriria mão do segundo mandato?
Vou torcer muito e sempre defendi na Assembleia o fim da reeleição. Defendo o fim da reeleição. O que o atual prefeito defendia também lá atrás. Virou prefeito, não falou mais nisso. Os recursos são conforme está estampado no TRE, de amigos, poucos, do partido. Agora vamos fazer um jantar para algumas pessoas, buscar recursos de amigos, pessoas que acreditam no nosso projeto.
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Não falta uma presença maior do governador ao seu lado?
Não adianta o governador vir aqui para falar para 200 cabos eleitorais meus. Isto é chover no molhado. O que vale para mim é o que ele já externou na televisão, no rádio, que sou o candidato dele. Ele me apóia, acredita em mim, no meu projeto, me conhece. Ele disse isso na televisão. Não falta a presença dele na campanha. Ele tem ajudado muito Joinville, as grandes obras de Joinville são obras que eu ajudei a trazer. Santos Dumont, Rio do Morro, binário da Vila Nova, a Tuiuti, Minas Gerais, Rui Barbosa. Agora duas novas escolas que estão saindo. O governo do Estado mantém aqui três hospitais, gasta R$ 240 milhões por ano. Mas isto não significa que não precisamos mais. Não é por eu ser amigo do governador que não vou cobrá-lo.
O Estado não falhou para que a insegurança chegasse a tal ponto em Joinville?
A situação preocupante na segurança não é só de Joinville. É nacional. Nesse aspecto você tem razão. No que diz respeito à repressão, ele (governador) precisa investir mais. Precisamos de mais câmeras, mais homens, mais viaturas. Mas segurança não é só repressão. Às vezes é atitude. Quase um ano atrás, o governador demitiu o comandante do 8ºBPM (tenente-coronel Nelson Coelho, vice na candidatura de Udo Döhler). Ele foi demitido porque o maior pico de homicídios se deu na gestão desse ex-comandante. O governador teve uma atitude. Demitiu ele por incompetência, está no jornal, não sou eu que estou dizendo. Criou a Delegacia de Homicídios e a solução dos crimes, que era de 20%, pulou para 65%. Mas o governador tem que investir mais, como prefeito vou continuar cobrando. É preciso que o prefeito também faça sua parte. Iluminar pontos de ônibus, as praças, promover lazer, inclusão social. Ampliar o Proerd, fazer parcerias com as entidades que trabalham com adolescente. Segurança pública não é só repressão.
Que visão o senhor tem dos movimentos sociais em Joinville, como o Passe Livre, e como dialogará com eles?
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Vou dialogar com todos os movimentos sociais. Desde que fui vereador sempre tive diálogo com sindicato, associação de moradores, representantes das minorias. Com relação ao passe livre, não assumi nenhum compromisso em relação a isso. Não ganhei a prefeitura. Preciso estudar, tem que analisar, tem que ver. Transporte coletivo é complexo. O compromisso que eu tenho é de promover a licitação do transporte coletivo em Joinville. Florianópolis fez a licitação. Blumenau não licitou, mas trocou quem estava lá. O meu oponente não pode dizer que vai fazer porque as pessoas não vão acredita. Ficou quatro anos e não fez.
Mãos limpas é uma marca da campanha do outro candidato. Qual a grande marca do Darci?
Mãos limpas, honestidade tem de ser uma virtude de todos os candidatos. Isto vem da família. Em dado momento isto virou plano de campanha, de governo. Meu mote é o que as pessoas conhecem, um homem simples, que veio da roça, morou no mangue, estudou em escola pública, que usou ônibus, posto de saúde. Essa é a minha marca, senti na pele o que as pessoas sentem. Vim de lá, lutei muito, me preparei. Cheguei lutando, trabalho, servindo as pessoas. Essa é minha bandeira.
O senhor tem uma trajetória na política. Como convencer o eleitor de que você representa uma novidade?
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Sou novidade, sou renovação porque nunca fui prefeito. Atuei fortemente como vereador, presidi a Câmara, atuei fortemente como deputado e nunca fui prefeito. Apesar de que já tive experiência no Executivo porque, quando presidi a Câmara, fiz a gestão da Câmara. Fui secretário do município e presidente da Fundamas na gestão do seu Wittich Freitag. Fui delegado do Ministério do Trabalho durante três anos e meio em Florianópolis. Eu tenho experiência, mas como prefeito eu me constituo numa novidade. Até pela idade na comparação com meu oponente.
Calcula-se que há 700 quilômetros de ruas a serem asfaltadas. O senhor se compromete a pavimentar quanto?
Não vou fazer como o atual prefeito fez, dizendo que ia fazer 300 quilômetros e fez em torno de 30. Não estou me comprometendo com grandes obras. Única obra que nos comprometemos é com a abertura da Ottokar Doerffel. Um viaduto ali na interseção com a Marquês de Olinda vai custar uns R$ 30 milhões. Essa vamos fazer. As demais grandes obras vamos pegar o projeto debaixo do braço ou fazer o projeto e tentar o financiamento. É diferente de dizer que vai fazer. Agora, o asfaltamento comunitário nós vamos. Tenho impressão que, entre 100 e 150 quilômetros, conseguimos fazer. Comunitário. Não tem asfalto e lajota de graça. Tem que ter participação dos moradores.
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O que dá dor de cabeça nessa campanha são as redes sociais?
As redes sociais um pouco. Meu atual oponente, o grupo dele, com pessoas que têm cargos comissionados, que ganham muito bem, estão se prestando a esse serviço, mas estamos acionando a Justiça e confio muito na Justiça. Para mostrar para as pessoas que gente paga com o dinheiro público está a serviço para baixar o nível da eleição na maior cidade do Estado.