Dwayne “The Rock” Johnson não é exatamente um ator de filmes de ação. É um ícone de um certo tipo de produções do gênero que se desdobram, e às vezes se confundem, com videogames. Pois o homem está à frente de um drama. Sim, O Acordo, filme assinado pelo ex-dublê Ric Roman Waugh que estreou no fim de semana nos cinemas da Capital, até tem um clima de suspense e lembra os longas de ação em certas sequências finais. Mas é, na essência, um drama familiar.

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E The Rock vai bem. Quer dizer, não muito quando as cenas exigem um pouquinho de sutileza ou envolvem algo não necessariamente extremo, algo com camadas intermediárias entre o bem, o mal, a brabeza, a tristeza etc. Como essas cenas não são tantas assim…

Ele interpreta o proprietário de uma empresa do ramo da construção civil cujo filho (Rafi Gavron) é pego pela polícia com uma quantidade de drogas que, do ponto de vista legal, caracteriza tráfico. Conforme o que o roteiro de Waugh e Justin Haythe nos apresenta, apenas aceitou guardar o pacote para um amigo. O que não atenua o seu crime. E, para piorar, deixa o guri de mãos atadas: sem ter parceiros para delatar, não há como conseguir redução da pena decorrente de uma provável condenação. Ao que indica o rigor da lei, devidamente esclarecido no decorrer da trama, será uma longa pena.

Desesperado, o pai trata, ele próprio, de buscar o tal acordo do título. Procura uma promotora (Susan Sarandon, ela mesma), encontra no banco de funcionários de sua empresa um ex-apenado por tráfico (Jon Bernthal) e, junto a ambos, articula ações para flagrar e prender integrantes de um cartel. O objetivo é trocar a colaboração com a polícia pela liberdade do filho.

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Não é exatamente uma surpresa que a história se desenvolva de maneira esquemática. Para o que o filme se propõe, não é necessário que seja diferente – as cenas de perseguição, na última parte do longa, igualmente previsíveis, são tão boas que devem agradar a todos os tipos de espectador. O que tira alguns pontos de O Acordo é justamente a dificuldade de dar relevo dramático à jornada do pai aflito. Ao tentar humanizá-lo, como na equivocada sequência em que ele ajuda um funcionário a carregar sacos de cimento, ainda nos primeiros minutos de filme, Waugh se perde. Não compromete o projeto, mas o diminui.