Diferentes acentos podem ser percebidos nas conversas pelas ruas e praias de Florianópolis durante a temporada. Pode-se ouvir bate-papo em inglês, espanhol, russo, além de português em todos os sotaques. Moradores e visitantes já sabem da variedade de línguas que cerca a cidade e encontram as próprias formas de se comunicar. Nem sempre dá certo.

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Para não precisar mais apelar para o movimento com as mãos, imitando asas batendo, o australiano Chris Atkins, aprendeu a falar “frango”.

– Como só sei pedir isso, tenho comido muito frango – brinca.

A segunda visita de Chris a Florianópolis se encerrou nesta semana. Dessa vez, ele aprendeu o básico para chegar nas praias e até arrisca um “ahn, moleque”, recurso para se enturmar com os manezinhos da Ilha. No tempo que passou na cidade, o professor de educação física se acostumou a ouvir falar alemão, francês e espanhol nas praias, nas ruas e no albergue onde ficou hospedado. Para uma próxima visita, ele espera mesmo é aprender mais algumas lições de português para entrar ainda mais no clima da cidade. Das melhores paisagens de Florianópolis ele já diz ser especialista.

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– Aqui é muito relaxante, olha essa vista da Barra da Lagoa – explica ele.

A russa Anna Koriakina também enfrenta dificuldade para se comunicar nas férias em Florianópolis. Não que a jornalista esperasse que os florianopolitanos falassem russo, ela só não pensava que seria tão incompreendida, mesmo falando inglês. Fora a necessidade de gesticular para saber onde é a praia ou para pedir uma bebida, a russa aprova a recepção na cidade.

– Pena que quase ninguém fala inglês. Mas as pessoas são muito amigáveis, estão sempre sorrindo. A atmosfera aqui é muito boa – diz.

Até para visitantes estrangeiros que estão em todo verão nas terras catarinenses, nem sempre é fácil entender o que é falado. O casal de Buenos Aires, na Argentina, Agustin Rostica e Agustina Piñeiro veio pela primeira vez para a Capital de Santa Catarina e tem a própria estratégia. Eles pedem para as pessoas falarem devagar. O que não dá para entender, eles deixam para lá e tentam descobrir sozinhos. Foi assim que eles encontraram algumas praias, como a Joaquina, por exemplo.

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Idioma não é um problema para a australiana Katharina Schuller. Por ter estudado em Portugal, ela conseguiu se entender nas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, por onde passou. Na passagem pela região Sul, ela nem estranhou as conversas na segunda pessoa. Mesmo com essa facilidade e com a boa recepção das pessoas da cidade, todas as atenções da estudante são voltadas para as belezas naturais da Ilha de Santa Catarina.

– De natureza, é a cidade do Brasil que mais gostei – considera.

Variedade de sotaques também no português

Santa Catarina se tornou o “destino preferido dos paulistas”, como lembra o professor Christian da Silva, de Assis, no interior de São Paulo. Ele acredita que foram as belezas naturais, aliadas aos preços mais acessíveis, que conquistaram os visitantes do Sudeste. Pela primeira vez em Florianópolis, Christian teve dificuldades para encontrar quem é natural da cidade.

– É tanto visitante que é difícil saber qual é o sotaque daqui mesmo – pondera.

Também não é raro se escutar um “bah” pelas praias da cidade. Um deles pode ser o de Débora Lopes, 29 anos, de Porto Alegre. Ela consegue perceber quem é do município, mas não pelo jeito de falar.

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– Quando a pessoa é estressada, eu já sei que é de fora. Quem é daqui é muito calmo, de tão linda a cidade – afirma a técnica de enfermagem.

A empresária Maria de Lurdes da Silva concorda com as belezas da Capital. Ao vir de Aripuanã, no Mato Grosso, passar as férias, ela sabe que, junto com os visitantes de outros cantos do país, chega também uma mistura de sotaques à cidade.