A ausência de dados a respeito da atenção à saúde da população LGBTI+ durante a pandemia do coronavírus aumenta sua exposição a situações de violência e os riscos de depressão e suicídio. A afirmação é do pesquisador Rodrigo Moretti, professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC.
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Ele e um grupo de estudiosos do tema, de diversas instituições de ensino superior do país, publicaram uma carta aberta na revista internacional Sexualities para alertar sobre o problema e orientar os governos sobre o tratamento da questão.
Conforme Moretti, essa ausência de dados inviabiliza decisões de saúde pública.
-Não é que a covid, pelo menos é o que sabe através de estudos, traga implicação direta pelo fato da orientação sexual ou expressão de gênero. Ela agudiza situação de exclusão que já estava acontecendo com essas pessoas. A primeira questão é ter dados concretos. Quantas pessoas LBTI+ tiveram ou não tiveram agravo da covid? – questiona.
Uma das orientações estudiosos é a criação de canais de notificação de casos de violência.
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– Uma pessoa, um adolescente ou um adulto jovem, se afasta da família por anos em função de sua orientação. Muitos relatos vão trazer situações de violência extrema, tanto psicológicas quanto físicas. Nesse momento da pandemia, com problemas de desemprego, essas pessoas são lançadas diretamente ao pior momento da vida delas, que é a violência dentro da família. A gente fica muito preocupado pelo risco de suicídio que essa população já tem, risco de depressão, além da violência em si – alerta Moretti.
Recomendações dos pesquisadores aos governos
– Dar visibilidade às pessoas LGBTI+ com coleta e monitoramento de dados epidemiológicos;
– Promoção de abordagens de saúde sem discriminação ou estigmatização;
– Apoio aos cuidados centrados na pessoa para lidar com o sofrimento psicológico das pessoas LGBTI +;
– Apoio à saúde e os direitos sexuais e reprodutivos para as pessoas LGBTI+;
– Reconhecimento de que a ‘LGBTI+ fobia’ afeta profundamente essa população por meio de abusos físicos, psicológicos, sexuais e econômicos;
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– Respeito aos direitos sexuais e reprodutivos, tanto aos indivíduos como às várias configurações familiares não tradicionais das pessoas LGBTI+;
– Medidas de apoio e assistência aos LGBTI + mais marginalizados, particularmente aqueles com vulnerabilidades sociais adicionais;
– Garantia de assistência médica adequada a pessoas intersexuais e transgêneros em relação a suas peculiaridades clínicas e necessidades específicas de saúde, principalmente durante a pandemia.