Os emojis, aquelas bolinhas amarelas com olhos e boca que sugerem sentimentos e sensações na comunicação digital, ampliaram sua presença nas redes sociais em abril deste ano – mas o uso daqueles de expressão positiva diminuiu no período da pandemia de Covid-19. É o que aponta um levantamento lançado na sexta (1º) pelo Emojipedia, uma ferramenta de referência no uso e no significado de emojis.

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O site coletou 68 milhões de postagens únicas no Twitter que continham carinhas positivas, negativas ou neutras para identificar de que maneira a utilização desses emojis refletia os humores do nosso tempo. O mesmo levantamento já havia sido feito em abril e em agosto de 2019 e em agosto de 2018.

Ao longo do mês de abril deste ano, o uso de emojis de expressão positiva diminuiu 5,63% quando comparado à utilização das carinhas em agosto de 2019. A tendência de queda já era apontada em agosto passado, em relação a abril de 2019. Além da diminuição dos emojis positivos, o período da pandemia também coincide com a ascensão dos emojis de rosto com máscara médica, de rosto pensando, de um micróbio e de um choro copioso.

Ainda assim, as carinhas positivas – como aquelas que sorriem, choram de rir ou estão cercadas de corações – se mantêm na liderança entre os mais usados, segundo o estudo. Os dados da ferramenta mostram que elas nunca representaram menos de 28% de todos os emojis utilizados. No mesmo período, o uso das carinhas que expressam sentimentos negativos – como choro, raiva, susto, impaciência ou ânsia de vômito – teve pequeno aumento (2%).

Já as carinhas amarelas de expressão neutra ou ambígua – como aquela com a mão sobre a boca ou que parece estar congelada – tiveram um incremento de mais de 44% no uso desde agosto passado. O aumento foi puxado em boa parte por uma nova estrela: a bolinha amarela de olhos grandes, brilhantes e melancólicos, chamada por seus criadores de "pleading face", ou rosto suplicante. Esse emoji ocupou o terceiro lugar no ranking dos mais usados em abril deste ano, aumento de 83,4% em relação a agosto de 2019 – um recorde absoluto no histórico de dados.

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Outro emoji que teve ascensão meteórica foi o das mãos unidas em prece (alguns defendem, porém, que o ícone representa o gesto de bater as mãos no alto com outra pessoa para celebrar algo). Seu uso aumentou quase 25% em relação a agosto de 2019. O perfil dos dois emojis que mais ganharam popularidade no período indica algum grau de relação com a pandemia, sugere o levantamento.

Além disso, o estudo apontou que nunca se usou tantos emojis como agora: 19% de todos os tuítes de abril continham algum tipo de carinha. Em agosto de 2018, esse percentual era de 14,9%. Para Luciani Tenani, professora de linguística da Universidade Estadual Paulista (Unesp), "o momento atual é desafiador que precisamos ressignificar as formas que temos de expressar os muitos sentimentos que estamos vivendo".

Segundo a pesquisadora, o monitoramento do uso de emojis "dimensiona os movimentos dos sentimentos humanos vivenciados diante da Covid-19". "Seus resultados confirmam a percepção geral de que as pessoas estão vivendo um momento difícil e podem ajudar no planejamento de políticas públicas de suporte psicológico e outros recursos aos mais afetados pela pandemia", diz Tenani.