Pai de dois meninos, o manezinho do Saco dos Limões, Estiveson Jacques Machado, 38, viu-se desesperado quando o menor dos filhos, então com cinco meses de vida, foi diagnosticado com bronquiolite aguda. O caso era grave e o menino teve de ser internado, porque não conseguia respirar.

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– Deixei o Ygor no HU [Hospital Universitário] e vim chorando o caminho todo até em casa. Aí pensei: se ele melhorar, eu seria Papai Noel das crianças carentes das comunidades aqui perto no próximo Natal – lembra ainda com emoção da promessa feita há três anos.

O bebê ficou pouco mais de uma semana no hospital, teve alta e hoje ajuda o pai na entrega de doces e brinquedos para os pequenos de bairros como Serrinha, Pantanal, Caieira, Saco dos Limões e Tapera.

– Este foi o primeiro Natal que ele participou. Disse que o Papai Noel precisava de ajuda para entregar uns presentes e ele topou. Foi inesquecível – lembra da última ação, que aconteceu no dia 19.

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Mas Estiveson não é qualquer Papai Noel – com uma prancha vermelha debaixo dos braços, ele encena uma versão surfista do bom velhinho.

– Ele nem surfa! Se colocar ele na água, ele afunda. Mas tem mais a ver com Floripa, né? – diz rindo o amigo de infância, Geovani Valdenir de Pinho, 36, que foi convidado a fazer parte da entrega no primeiro ano, abraçou a causa e hoje vê o projeto independente crescer com orgulho.

Surfar a onda de solidariedade tornou-se o maior presente de Natal para a dupla de Papais Noéis surfistas e filhos de pescadores de Florianópolis. São, em média, mil crianças agraciadas a cada fim de ano.

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Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

Doações, menos em dinheiro

A entrega de sorrisos, abraços, beijinhos, doces e brinquedos já é um ritual na vida de Estiveson e Geovani. Com a proximidade do Natal, eles começam a busca por doações a serem entregues às crianças, mas têm uma condição:

– Eu chego para os meus amigos e falo: quantos pacotes de bala tu vais me dar esse ano? Encho bastante o saco deles para encher o meu saco de Papai Noel – brinca Estiveson, que atualmente está desempregado, mas se prepara para ter a mesma profissão do parceiro natalino: barbeiro.

No primeiro ano de entrega, em 2013, a dupla conseguiu montar kits com chocolate, bolacha e bala. No Natal seguinte, conseguiram arrecadar brinquedos usados, mas em bom estado. E neste ano entregaram brinquedos novinhos.

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– Mais importante do que entregar algo material, é manter o espírito natalino. Ver o brilho nos olhos das crianças. E também de adultos e idosos, que geralmente são mais duros, mas amolecem quando chegamos com carinho – garante Geovani.