Dupla australiana Nervo agita a primeira noite do festival

Esqueça aquele cidadão absorto escondido atrás das picapes. DJ hoje tem que saber lançar mão de muito mais do que apenas bons remixes e músicas eletrizantes. Carisma e irreverência são acessórios indispensáveis na formação da moral de um artista das picapes. Não foram poucos os que se consagraram nas pistas do Dream Valley.

As australianas da dupla Nervo fizeram valer toda expectativa e dose de devoção fãs. Responsáveis por dar início ao ponto de ebulição na primeira noite, as gêmeas Miriam e Olívia pontuaram em uma série de quesitos: simpatia, descontração, irreverência, estímulo às massas, asseio e músicas infalíveis.

Apresentaram à pista um arsenal de faixas eletrizantes do seu respeitado repertório, como We’re All No One, You’re Gonna Love Again e o quentíssimo Like Home. O seu house melódico e cantado as colocou literalmente em casa, dada a empatia declarada do público.

A mesma pista que se derreteu às gêmeas do Nervo não tomou conhecimento do temperamento difícil e da empáfia de Calvin Harris, disparado o maior hitmaker entre as estrelas do festival. Nem o francês David Guetta, considerado um chacrinha do gênero, fez frente ao poderio da disco house do escocês.

Ambos já haviam travado a mesma disputa ao longo de 2012, nas rádios e clubs do mundo, e o francês sempre levou a pior. Harris foi impiedoso e fez a malta saltitante ir ao frenesi. Relax, Feel So Close, We’ll Be Coming Back, Let’s Go, Sweet Nothing, Bouns eram cantadas em coro. Algo impressionante em se tratando de música eletrônica.

Sem a responsa das disputas na pista, os seletores do palco Mystic, que faz a linha conceitual, subverteram a ordem das apresentações e criaram um lounge de performance coletiva.

Escalados para tocarem em sequência, os DJs Flow & Zeo, Paul Ritch e Robert Babicz acabaram juntos, com um convidando o outro a permanecer. E sob os olhares condizentes e amistosos dos sucessores. Enfim, se a pista não reclamou, quem haveria de se opor?