Quem já viveu a experiência de deixar a casa dos pais para morar em um lugar distante sabe que a saudade às vezes aperta. Nessas horas, provar um alimento que lembra a infância pode levar a uma viagem de volta ao passado. A indústria alimentícia sabe disso e busca resgatar os aromas que remetem à comida preparada pelas mães e avós para aplicá-los em produtos destinados a jovens solteiros.
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Esta referência emocional é uma das mais encomendadas a empresas especializadas no desenvolvimento de aromas para alimentos e bebidas como a Duas Rodas, de Jaraguá do Sul. Para conseguir a façanha, ela identifica os temperos e reproduz o sabor e o odor tão característicos em laboratório.
Caminhar pelos corredores da Duas Rodas é uma experiência sensorial marcante. Odores variados se misturam em cada esquina, da bolacha de água e sal ao salame, do morango a outros alimentos adocicados mais difíceis de se identificar e que até estimulam um jogo de adivinhação.
Por trás de tantos cheiros, há um vasto mercado que briga pela preferência do consumidor na prateleira do supermercado e que se apoia em pesquisas para decifrar comportamentos e tendências de consumo.
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Uma das aromistas mais experientes da empresa, Iselde Meurer Kelbert, 49 anos, explica que, cada vez mais, as pessoas vão procurar alimentos saudáveis, mas não terão tempo de prepará-los. Cientes disso, as indústrias alimentícias vão intensificar a oferta de soluções saudáveis e de rápido acesso, como barras de cereais e iogurtes com pedaços de fruta.
O aroma tem o papel de tornar o ato de se alimentar uma experiência agradável. Mais de duas mil matérias-primas auxiliam a Duas Rodas na missão. Segundo a empresa, todas as substâncias, naturais ou sintéticas, são autorizadas por legislações internacionais que regulam o setor de alimentos.
Um aroma natural pode ser até dez vezes mais caro do que o artificial. Mas a legislação determina que sucos e néctares, por exemplo, só utilizem naturais. Para produtos que não têm essa obrigatoriedade e apresentam preços mais baixos, como balas e chicletes, os aromas artificiais e idênticos (aqueles que apresentam compostos retirados de outros alimentos presentes na natureza) são os mais usados.
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Do pedido até a produção das amostras para o cliente, o desenvolvimento do aroma leva, em média, 40 dias. Mas quando é preciso compor um odor a partir de um alimento desconhecido dos especialistas, o processo pode levar mais de um ano.
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