Se os recursos são escassos e não é possível fazer concurso, contratar, treinar e colocar mais policiais na rua de uma hora para a outra, nem instalar uma porção de câmeras de vigilância sem uma licitação que demora e pode ser a qualquer hora questionada na Justiça, o que, então, o Estado pode fazer para melhorar a segurança pública?

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AN foi buscar a ajuda de dois especialistas que, longe da burocracia e da pressão política, possam jogar uma luz diferente na questão. Foram ouvidos o especialista em segurança pública Jonas Alves da Silva e o ex-secretário de Justiça e Cidadania e procurador de Justiça Paulo Cezar Ramos de Oliveira.

Eis o que cada um deles sugere:

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1) Uso do que já existe

Professor universitário, especialista em segurança corporativa, Jonas Alves da Silva, vai direto ao ponto: não precisa comprar uma única câmera porque, de fato, há milhares delas espalhadas pela cidade, basta integrá-las num sistema eficiente. Segundo ele, as empresas têm câmeras, vigilantes, seguranças treinados e até viaturas especialmente para fazer a segurança de seus patrimônios e funcionários. Porém, nada disso é integrado ao sistema público. Em uma única área, a de tecnologia e vigilância eletrônica, seria possível fazer com que o Estado tivesse, na hora, milhares de olhos espalhados pela cidade.

– Todas as empresas têm câmeras, porteiro, vigilantes. E todos estão observando, cuidando. As Polícias Civil e Militar têm cerca de 900 homens. Só de vigilantes há mais de 8 mil na cidade. Basta integrar, trabalhar juntos – diz.

A ideia de Jonas é simples: fazer uma central que seria administrada e comandada pelo Estado, usando as câmeras de vigilância que já estão instaladas em praticamente todas as ruas mais importante de Joinville. Com essa central, o Estado poderia até reconhecer e prender bandidos em fuga em tempo real, como já acontecem em países desenvolvidos. Segundo o especialista, a proposta está em estudo no Núcleo de Segurança da Ajorpeme e há interesse nas empresas de financiar, bancar o sistema, pelo menos numa fase de testes.

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2) Segurança olho no olho

O ex-secretário de Justiça e Cidadania Paulo Cezar Ramos de Oliveira sugere uma segurança pública voltada para que o cidadão se sinta mais segura e, principalmente, o bandido não se sinta à vontade para cometer delitos sem saber que será reconhecido e preso com facilidade. A ideia é colocar policiais a pé, andando nas ruas, conversando com os comerciantes, conhecendo as famílias, com contato direto com diretores e professores de escolas públicas e particulares.

– Não adianta passar com uma viatura a 60km/hora na João Colin ou na Santa Catarina. Isso não é segurança. É gastar com combustível – diz.

Segundo ele, em cidades dos Estados Unidos, da Europa e mesmo da Argentina, essa medida, que não exige grandes investimentos, tem resultados muito satisfatórios em relação à sensação de segurança das pessoas.

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– Não estou falando que é preciso correr riscos nem atender a todas as ocorrências correndo. É preciso que os policiais tenham rádios, comunicadores, que possam pedir auxílio rápido, inclusive para o helicóptero – explica.

Em resumo: sem gastar mais com isso (ao contrário, economizar em combustíveis e viaturas), seria possível criar um contato direto e efetivo com as pessoas, garantir a presença física dos aparatos de segurança nas ruas, dar maior sensação de segurança às pessoas e inibir a ação dos bandidos.